Com a capacidade de absorver mais de 30 vezes o seu peso em óleo, a esponja pode ser usada para limpar de maneira barata e eficiente, sem prejudicar a vida marinha.
Pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, desenvolveram uma esponja inteligente altamente porosa que absorve o óleo na água. O objetivo do projeto é limpar os derramamentos de óleo no mar.
Com a capacidade de absorver mais de 30 vezes o seu peso em óleo, a esponja pode ser usada para limpar de maneira barata e eficiente estes derramamentos, sem prejudicar a vida marinha.
Depois de espremer o óleo da esponja, ele pode ser reutilizado dezenas de vezes sem perder sua eficácia.
“Os derramamentos de óleo têm efeitos devastadores e imediatos no meio ambiente, na saúde humana e na economia”, disse Vinayak Dravid, cientista que liderou a pesquisa.
“Embora muitos derramamentos sejam pequenos e possam não ser notícia, eles ainda são profundamente invasivos ao ecossistema e à comunidade ao redor. Nossa esponja pode remediar esses derramamentos de uma maneira mais econômica, eficiente e ecológica do que qualquer um dos estados atuais. ”
A limpeza de derramamentos de óleo é um processo caro e complicado, que muitas vezes prejudica a vida marinha e danifica ainda mais o meio ambiente.
As soluções usadas atualmente incluem queimar o óleo, usar dispersantes químicos para decompor o produto em gotículas muito pequenas, escovar o óleo flutuando sobre a água ou absorvê-lo com absorventes caros e não recicláveis.
De acordo com os pesquisadores, nenhuma das abordagens é uma solução sustentável. Eles explicam que a queima aumenta as emissões de carbono e os dispersantes são prejudiciais para a fauna marinha.
Já os dispersantes não trabalham em águas agitadas ou com finas camadas de óleo.
Os absorventes são caros e geram uma enorme quantidade de lixo físico, semelhante ao problema de aterro de fraldas.
Por isso, a esponja será uma solução que contorna esses desafios. O segredo está em um revestimento de nanoestruturas magnéticas e em um substrato à base de carbono que atrai óleo, resiste à água e é magnético.
A estrutura 3D porosa interage seletivamente e se liga às moléculas de óleo, capturando e armazenando o óleo até que seja espremido.
O revestimento criado pode ser usado para qualquer esponja barata e comercialmente disponível. Os pesquisadores aplicaram uma fina camada da pasta na esponja, espremeram o excesso e deixaram secar.
A esponja é rápida e facilmente convertida em uma esponja inteligente com uma afinidade seletiva pelo óleo.
Os cientistas testaram a esponja OHM (magnético hidrofóbico oleofóbico) com muitos tipos diferentes de óleos brutos de densidade e viscosidade variadas.
Para imitar as ondas naturais, os pesquisadores colocam a esponja OHM em um agitador submerso em água. Mesmo após agitação vigorosa, a esponja libera menos de 1% de seu óleo absorvido de volta na água.
A equipe também está trabalhando em outro tipo de esponja OHM que pode absorver seletivamente, e mais tarde recuperar, o excesso de nutrientes dissolvidos, como fosfatos, do escoamento de fertilizantes e da poluição agrícola.
A equipe planeja desenvolver e comercializar a tecnologia OHM para limpeza ambiental.
Derramamento de óleo
Mais de 3 mil quilômetros do litoral do Brasil foram atingidos na maior tragédia ambiental por derramamento de petróleo já ocorrida no Brasil, em 2019.
A mancha de óleo foi detectada pela primeira vez em agosto do ano passado, na Paraíba. Até novembro, 877 locais em mais de 127 municípios em 11 estados já tinham sido atingidos.
Segundo a Marinha, mais de 4.500 toneladas foram retiradas das praias. Diversos locais foram limpos pela mobilização de voluntários, mas voltaram a ser atingidos pelo óleo.
Há relatos de animais marinhos mortos em todo o litoral por contaminação pelo petróleo. Todo o ecossistema marinho foi afetado de forma direta, incluindo peixes, tartarugas, baleias, frutos do mar, corais, aves e mamíferos aquáticos.
Fontes: sciencedaily e wwf
