Segundo dados do INPE, Alagoas e Rio Grande do Norte zeraram o desflorestamento. Goiás ficou em terceiro lugar, com 98% de redução. [Foto: Dmitry V. Petrenko / Shutterstock]
O novo Atlas da Mata Atlântica, divulgado no dia 27 de maio, aponta que nove estados do país diminuíram o desmatamento da Mata Atlântica, no último ano. Dois desses estados conseguiram zerar o desflorestamento.
O atlas é uma iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De acordo com o levantamento, foram desmatados 14.502 hectares da vegetação, entre 2018 e 2019, o que ainda é um número alto.
No entanto, alguns estados já têm mostrado que ações de preservação ambiental conseguem chegar a bons resultados.
Alagoas e Rio Grande do Norte zeraram o desflorestamento. O estudo considera zerado quando os registros estão abaixo de três hectares desmatados.
Segundo os dados do INPE, Alagoas já estava diminuindo a taxa de desflorestamento, já em outros anos.
A pesquisa mostra que entre o ano de 2017 e 2018, o estado desmatou apenas 8 hectares da vegetação, um número muito baixo se comparado, por exemplo, a Minas Gerais, que desmatou, no mesmo período, mais de 3 mil hectares da mata.
A vegetação alagoana possui valores únicos no bioma, de acordo com o Herbário do Instituto do Meio Ambiente (IMA).
A flora conta com o predomínio de angiospermas, grupo que se caracteriza por apresentar flores e frutos.
Além disso, em sua paisagem também estão incluídas outras formas como arbustos, epífitas, algumas bastante conhecidas, como orquídeas e bromélias, além de trepadeiras, ervas e lianas.
Cerca de 67% de toda coleção do Herbário é formada por espécies da Mata Atlântica.
No Rio Grande do Norte, o índice de desmatamento também foi zerado. O maior parque urbano do país sobre dunas, o Parque das Dunas, é apenas uma das principais reservas de Mata Atlântica no estado.
O local abriga mais de 250 espécies de plantas e animais. Além do parque, o estado ainda conserva outros remanescentes do bioma, como a Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíras.
O trabalho de preservação e conservação ambiental desses e outros trechos do bioma, em 38 municípios do Rio Grande do Norte rendeu bons resultados.
Dois anos após assinatura da carta “Nova História para a Mata Atlântica”, compromisso que prevê a ampliação da cobertura vegetal nativa e a busca do desmatamento ilegal zero no bioma até 2018, o estado atingiu a meta.
Os outros sete estados que apresentaram redução foi Goiás (-98%), São Paulo (-55%), Espírito Santo (-31%), Piauí (-26%), Santa Catarina (-22%), Rio Grande do Sul (-15%), e Pernambuco (-12%).
Um outro dado importante que o Atlas mostra é a evolução do desmatamento no bioma desde o início do projeto, em 1985. Nesta época, a taxa anual passava de 100 mil hectares.
No último ano, a taxa foi de 14 mil hectares. Isto aponta que a pauta de proteção ambiental vem surtindo efeitos ao longo dos anos, e que precisa continuar como prioridade.
Desafios em estados com altos índices de desmatamento
Apesar das boas notícias, ainda há desafios em relação a redução de desmatamento no país. Alguns estados tiveram aumento e concentram índices altíssimos.
Por mais um ano, o estado com maior desmatamento foi Minas Gerais, que teve uma perda de quase 5 mil hectares de floresta nativa. A Bahia ficou em segundo lugar, com 3,5 mil hectares, seguido pelo Paraná, com 2,7 mil.
Importância da Mata Atlântica
A Mata Atlântica se destaca por sua grande diversidade de espécies e também um alto grau de endemismo.
O bioma possui uma enorme importância ambiental, como na regulação do clima da região, proteção de encostas contra erosões e deslizamentos de terras.
Ela serve também de habitat e proteção para várias espécies de animais, além de fornecer matéria prima para a utilização humana em diversos fins.