O grupo de aves mais ameaçadas do mundo têm características únicas de reprodução e o ovo com o mais longo período de incubação entre as aves
Para os albatrozes, os ovos são símbolos de esperança. Neles está contida a promessa da continuidade da espécie a voar majestosamente sobre o oceano. Nos ovos também estão seus principais desafios: cuidar do ovo e do filhote por mais de um ano até que possam voar e se alimentar sozinhos enquanto viajam pelo mundo. O Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, trabalha com a conservação e a pesquisa destas aves há mais de 30 anos, e reuniu algumas informações incríveis sobre o ovo das espécies.
De acordo com Caio Azevedo Marques, Gerente de Pesquisa Científica do Projeto Albatroz, os albatrozes atingem a maturidade sexual de forma tardia e sua frequência reprodutiva impede que um casal tenha dezenas de filhotes em uma só temporada, como acontece com outras espécies de aves.
“Os albatrozes-viageiros (Diomedea exulans) adolescentes, por exemplo, voltam para a colônia reprodutiva em seis anos, mas não começam a se reproduzir até os 11 ou 15 anos; os mesmos pares acasalam para o resto da vida e procriam a cada dois anos, gerando apenas um ovo por temporada reprodutiva”, explica. “Isso reforça a necessidade de um amplo trabalho de conservação dessas espécies em águas brasileiras e também subantárticas, onde se reproduzem”.
Os albatrozes são aves com tendência monogâmica, ou seja, tendem a manter o mesmo casal por toda a vida. Após longos meses, e até anos, no oceano em busca de alimento, eles voltam a se encontrar na mesma ilha onde nasceram para botar um novo ovo. A exceção à regra se dá com a morte do parceiro, quando os albatrozes levam alguns anos sem se reproduzir até talvez encontrar outro par.
Para garantir a segurança do ovo e o sucesso reprodutivo, os albatrozes também têm alguns rituais importantes como, por exemplo, a corte. Sua ‘linguagem do amor’ se dá por meio de movimentos sincronizados do bico, ‘danças’ apontando os bicos para o céu, sons vocalizados em conjunto e também uma coreografia com suas gigantes asas abertas.
Veja abaixo as principais características dos ovos de albatroz:
1 – Os albatrozes colocam um único ovo por temporada reprodutiva: a reprodução é uma tarefa bastante desgastante para os albatrozes e requer um alto investimento, tanto de tempo quanto de energia. Variando conforme a espécie, os albatrozes podem colocar um único ovo a cada dois anos, dedicando-se exclusivamente aos seus cuidados por cerca de um ano até que o filhote esteja pronto para viver de forma independente.
2 – Os ovos precisam de mais tempo de incubação do que qualquer outra ave: o período de incubação pode variar entre 70 e 85 dias, em média. As maiores espécies como, por exemplo, os albatrozes-viageiros (Diomedea exulans), chegam a ter até 3,5m de envergadura, logo possuem o maior tempo de incubação entre seus pares. O tempo de incubação dos ovos de albatroz chega a ser o dobro dos avestruzes, que levam 40 dias em média. Os pinguins também cuidam dos ovos por longos períodos até a eclosão, que pode levar mais de 60 dias para acontecer.
3 – Um ovo de albatroz nunca é deixado sozinho no ninho: os ninhos de albatroz geralmente são feitos em ilhas remotas, em meio ao oceano, tornando pouco provável a ação humana. Porém, isso não significa que possam ficar sozinhos, pois há espécies de roedores que podem colocar os ovos em perigo. Além da segurança, também é necessário manter uma temperatura média do ovo para conservar o embrião da ave. Por isso, compartilham seu calor corporal através da choca.
4 – Fêmea e macho se revezam nos cuidados com o ovo durante o período de incubação: as responsabilidades nos cuidados com o ovo, e depois, com o filhote de albatroz, são divididas igualmente entre macho e fêmea. Os turnos podem variar de um dia até algumas semanas e servem, principalmente, para a alimentação.
5 – Um ovo de albatroz pode pesar até 500g:
6 – Um filhote de albatroz pode levar até cinco dias para sair completamente do ovo: após a eclosão, a saída do filhote não é imediata. Recém-chegado ao mundo, ele precisa aprender a manejar o seu próprio bico com destreza para quebrar a casca ao seu redor a partir de um único buraco por onde entra a luz.
Projeto Albatroz
A principal linha de ação do Projeto, nascido no ano de 1990, em Santos (SP), é o desenvolvimento de pesquisas para subsidiar Políticas Públicas e a promoção de ações de Educação Ambiental junto aos pescadores, jovens e às escolas. O resultado deste esforço tem se traduzido na formulação de medidas que protegem as aves, na sensibilização da sociedade quanto à importância da existência dos albatrozes e petréis para o equilíbrio do meio ambiente marinho e no apoio dos pescadores ao uso de medidas para reduzir a captura dessas aves no Brasil.
Atualmente, o Projeto mantém bases nas cidades de Santos (SP), Itajaí e Florianópolis (SC), Itaipava (ES), Rio Grande (RS) e Cabo Frio (RJ).
Mais informações: www.projetoalbatroz.org.br