I Conferência Internacional de Resíduos Sólidos (CIRSOL), ocorreu nos dias 16, 17 e 18 de março em Recife, Pernambuco, deixou um legado importante rumo a um planeta mais sustentável
Iniciativas têm sido realizadas no Brasil, com objetivo de debater e fomentar praticas mais sustentáveis para o gerenciamento de resíduos.
Recentemente no Portal Sustentabilidade, tivemos o IV Intensivão de Gerenciamento de Resíduos e o evento contou com diversos profissionais falando sobre suas experiências no mercado de resíduos em diversos setores.
Da mesma forma, durante o mês de março , a I Conferência Internacional de Resíduos Sólidos (CISRSOL), proporcionou três dias intensos de programação, abordando os temáticos de resíduos sólidos, mudanças climáticas e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Os números dão esperança, pois foram 21 correalizadores, 30 patrocinadores, 33 apoiadores e 2 manifestos.
Apresento 10 novidades incríveis que foram apresentados nestes três dias na I Conferência Internacional de Resíduos Sólidos (CIRSOL).
1 – Plano de Descarbonização de Pernambuco

Anunciado durante a abertura do evento e lançado pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, a iniciativa é uma estratégia estadual para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e contribuir para evitar o aumento do aquecimento global e suas consequências.
A medida envolve quase todos os setores, como os setores de energia e indústria, transportes, resíduos e agricultura, floresta e outros usos do solo.
Além disso, o governador assinou um decreto formalizando o compromisso com a neutralidade de emissões de carbono até 2050.
Para apoiar e monitorar a implementação do plano, foi criado o Comitê Estadual Pernambuco Carbono Neutro – CEPEN.
2 – Programa Replug

Lançado durante o evento e com caráter educativo, o Programa Replug busca conduzir a população a descartar aqueles equipamentos eletroeletrônicos que estão quebrados em casa, como celular velho ou um computador de forma correta.
Lançado pelo secretário de meio ambiente e sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, o programa disponibilizará 30 coletores e os equipamentos descartados nos pontos de coleta serão recolhidos e vão passar por um processo de triagem, seguindo para o processo de logística reversa, sendo desmontados e transformados em matéria prima para que retorne à indústria.
3 – Observatório Brasileiro de Resíduos Sólidos

Durante o evento, também foi lançado o primeiro Observatório Brasileiro de Resíduos Sólidos.
Além de contribuir com as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e fortalecer o legado da conferência, o observatório vai funcionar como um espaço nacional de articulação.
Ainda mais, monitoramento, incentivo, troca de conhecimento quanto às boas práticas de gerenciamento dos resíduos sólidos com metodologias e objetivos concretos, passando não somente pela prática, mas promovendo a educação ambiental e o uso sustentável dos resíduos sólidos.
4 – Responsabilidade Ambiental

Durante os três dias, uma calculadora CO² monitorou o percentual de carbono emitido durante as atividades em tempo real, calculando assim a quantidade de árvores que a CIRSOL plantará como forma de compensação.
Essa calculadora foi projetada pela Eco Alternativa e o público teve acesso a essa ferramenta através de uma plataforma chamada Eco Evento, passando a acompanhar a responsabilidade ambiental do evento, baixando a ferramenta por meio de um QR code.
No início da sexta-feira do dia 18 de março, a calculadora marcava a emissão de 5 toneladas, 584 quilos e 75 gramas de carbono, projetando assim a necessidade do plantio de 40 árvores para compensação.
5 – Alternativas para o desvio de aterros

Tema de uma das discussões promovidas pela CIRSOL, foi de consenso de que hoje em dia as pessoas não estão fazendo o uso correto da Política Nacional de Resíduos Sólidos, porque o que vai para os aterros ainda são materiais que possuem um potencial de ser reaproveitado.
Diante das alternativas apresentadas, a gestão integrada foi reforçada pelos profissionais à frente da discussão, lembrando que a gestão integrada é basicamente buscar soluções, mas soluções que respeitem os parâmetros da questão social, ambiental, cultural, econômica, política e com controle social.
Reforça o compromisso da sociedade como a principal alternativa, sendo que sem esse compromisso, dificilmente avançaremos.
Durante o evento, os profissionais convidados nos trazem a reflexão a respeito da gestão integrada, já que há bastante recursos e tecnologias, mas se não houver um controle social, dificilmente avançaremos neste cenário.
É o momento de buscarmos todas as tecnologias possíveis, mas sem perder de vista a gestão integrada.
Uma plataforma de gestão integrada de resíduos foi desenvolvida com curso técnico e material disponível voltados à capacitação profissional.
6 – Extinção dos Lixões

Durante o evento da CIRSOL, foi oficializado a uniformização dos protocolos para a extinção dos lixões, auxiliando os municípios a cumprirem a meta até 2024.
A medida vai de encontro a Lei nº 14.026 de 15 de julho de 2020, o Novo Marco de Saneamento que também possui o objetivo de dar um fim definitivo para os lixões.
Lembrando que no tocante a esta lei, as cidades que possuem mais de 100 mil habitantes, devem definitivamente acabar com os lixões até 2 de agosto de 2022.
As cidades que possuem entre 50 a 100 mil habitantes, devem eliminar os lixões até 2 de agosto de 2023 e cidades que possuem menos de 50 mil habitantes têm até 2 de agosto de 2024 para determinar de vez o fim dos lixões.
A medida também vai de encontro a implantação do programa Lixo Zero que contribui com o fechamento dos lixões e que garante a disposição ambientalmente adequada de resíduos.
7 – Escola é lugar de discutir consumo

Uma novidade que a CIRSOL trouxe é uma banca que traz como tema o consumo sustentável nas escolas, pois a escola é o local onde estão as futuras gerações.
O tema sustentabilidade necessita chegar às escolas e transformar os currículos, é necessário pensar como o tema da sustentabilidade vai mover todo o ensino, dar razão para todo o ensino.
Precisamos desenvolver novos hábitos de consumo e a escola é um ambiente no qual esse tema deve estar presente.
Não é a educação ambiental como um conteúdo, mas é o envolvimento da escola, pois sem prática não há aprendizagem e as crianças necessitam estar envolvidas nesta temática e os conteúdos devem estar inseridos no desenvolvimento daquele indivíduo.
A proposta é garantir que o tema seja parte do currículo de forma a integrar a formação de cidadãos com uma mentalidade mais responsável para com a sustentabilidade, mas de uma forma que não seja tradicional e que traga a inovação, que promova a prática, fazendo com que a criança coloque a mão na massa e que a abordagem possa aproximá-la da natureza e não afastar.
A questão fundamental é a comunicação, ou seja, como o profissional do ensino pode aproximar a criança ao meio ambiente.
8 – Fundo Verde para Resíduos

A criação deste projeto tem como principal objetivo buscar recursos para financiamento de iniciativas de suporte aos municípios.
A ideia é que os municípios atuem em conjunto no gerenciamento dos resíduos. Alguns municípios apresentam um mecanismo falho, necessitando de recursos e suportes para um gerenciamento adequado.
É necessário buscar recursos para que eles atuem em conjunto, proporcionando assim um melhor controle sobre os resíduos que são gerados e descartados.
9 – Coleta e Gerenciamento de Dados

Para se ter uma base de como buscar estes recursos, como no caso da criação do Fundo Verde para Resíduos, foi criado um protocolo de coleta e gerenciamento de dados para a medição e produção de diagnósticos de geração de resíduos.
O protocolo é parte do conjunto, pois esses dados vão determinar qual a dimensão dos resíduos que são gerados em municípios que apresentam dificuldade em seu gerenciamento, pois dependendo do tamanho do possível impacto, os recursos estudados para auxiliar devem estar de acordo com os dados apresentados.
Esses dados são importantes para um melhor diagnóstico dos resíduos gerados e impede que os recursos para financiamento não extrapolam os limites.
Tudo será trabalhado de acordo com os dados e através dos diagnósticos apresentados.
10 – Carta de Pernambuco

No último dia do evento, 18 de março, os representantes de toda a sociedade envolvidos na CIRSOL, os correalizadores e os participantes firmaram o compromisso de dar continuidade às discussões, relacionamentos iniciados e execução das medidas necessárias para contribuir com as metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU através de uma carta aberta.
Além do governo pernambucano, assinam esta carta várias organizações não governamentais e governamentais, associações, universidades e empresas.
Para acessar o conteúdo da Carta, basta acessar o link: Conheça a Carta de Pernambuco | CIRSOL – I Conferência Internacional
A carta deixa um legado de mobilização, engajamento, participação multissetorial e de oportunidades.
É um grande avanço juntar todas as gerações para um objetivo em comum que é a preservação do meio ambiente, através de palestras, projetos, propostas e formando uma corrente do bem para uma melhor qualidade de vida para gerações presentes e futuras.
O evento entrou para a história como um avanço para as políticas públicas, permitindo com que as portas dos debates e propostas fossem abertas, reunindo o poder público, o setor produtivo e de serviços, a comunidade acadêmica e a sociedade civil, entre outros.
Não somente incentivou a educação ambiental, mas estimulou o debate de forma multissetorial, com o principal objetivo de gerar ações que resultem em impactos positivos para o cumprimento dos compromissos assumidos com a agenda 2030.
Por: Marco Antonio Monti Penna – Gestor Ambiental