O setor de turismo realiza a conservação de biodiversidade, valoriza a cultura local e contribui com a saúde mental e bem estar de seus viajantes
Depois da pandemia causada pela Covid-19, o turismo sustentável tem sido visto como um caminho necessário no mundo.
A importância de viagens mais responsáveis sob o ponto de vista socioambiental vem sendo discutida há décadas.
Mas foi só depois da pandemia que grandes empresas, governos e a sociedade, por fim passaram a dar a devida atenção ao assunto.
Turismo Sustentável
Em dezembro de 2020, o Ministério do Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia lançou a primeira Política de Turismo Sustentável: Unidos pela Natureza. A medida reconhece primordialmente a importância do turismo como parte da conservação da biodiversidade, paisagens, ecossistemas e recursos naturais da Colômbia.
Igualmente, a Suíça lançou a Swisstainable – Estratégia para o desenvolvimento sustentável do país como destino de viagem.
A intenção é colocar o país como o destino mais sustentável do mundo.
O Conselho Federal Suíço também assumiu o compromisso de criar uma Suíça neutra em impactos para o clima até 2050. Países como Japão, Noruega e Costa Rica estão entre os que já compreenderam a importância do turismo sustentável e como boas práticas desenvolvem o setor.
Contato com a natureza
De acordo com a iStock, o turismo de natureza é uma prioridade crescente para latino-americanos quando viajam.
De cada dez pessoas, quatro (40%) disseram que o turismo sustentável é mais importante agora do que antes da pandemia.
Da mesma forma, uma pesquisa da Booking, revelou no “Relatório de Viagens Sustentáveis”, edição 2022, demonstra um aumento em escolhas mais conscientes.
Realizada com mais de 30 mil viajantes de 32 países e territórios, incluindo o Brasil, o estudo mostrou que 90% dos entrevistados brasileiros pretendem viajar de forma ecologicamente correta nos próximos 12 meses.
O levantamento também apontou que 86% dos brasileiros dizem que estão mais propensos a escolher uma acomodação sustentável.
Explorar o turismo nas UCs
Daniel Cabrera, cofundador e diretor-executivo da Vivalá – Turismo Sustentável no Brasil, destaca que o governo brasileiro deve institucionalizar sua visão de turismo sustentável para o país.
Com a maior biodiversidade do mundo, o Brasil deve proteger seus biomas, como a Amazônia, e precisa aproveitar sua aptidão para experiências em unidades de conservação.
De acordo com Cabrera, o turismo sustentável conserva biomas, enaltece a cultura de comunidades locais, gera emprego e renda digna, e não precisa de um super investimento inicial em infraestrutura.
Entretanto, é preciso investimento para fomentar iniciativas em parcerias público-privada, capacitar a força de trabalho e transformar a divulgação do país no exterior de ‘sol, samba e futebol’ para algo que contemple realmente a nossa gigante diversidade natural e cultural.
Impacto socioambiental
De acordo com a ONU e a OMT, o turismo sustentável é um importante instrumento na busca pelo cumprimento dos 17 ODS.
De acordo com Cabrera, a Vivalá como negócio social que visa a geração de impacto socioambiental positivo, busca desenvolver vivências que fazem bem para todos.
Assim, os viajantes têm a chance de ver de perto uma unidade de conservação no Brasil, entender sua riqueza e propagar a mensagem de proteção ambiental.
Ao mesmo tempo em que descobrem outras formas de viver em harmonia com o meio a partir dos saberes ancestrais dos povos tradicionais.
Até 2032, a empresa planeja injetar mais de R$ 30 milhões em comunidades tradicionais locais através da compra de serviços de base comunitária.
Nos próximos dois anos, vai acelerar sua expansão para unidades de conservação de todas as regiões do Brasil.
Além disso, o negócio social visa alcançar 120 mil horas de voluntariado em seus programas de viagem de “Volunturismo” de saúde, educação, meio ambiente e bioeconomia.
Belezas Cênicas
De acordo com o Índice de Competitividade Turística, documento elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil segue alternando a liderança do ranking dos países com recursos naturais de beleza cênica com o México.
Nos Estados Unidos em 2019, o Serviço de Parques Nacionais Norte Americano registrou 328 milhões de visitantes. Estimativas que esses turistas gastaram cerca de US$ 21 bilhões nas regiões onde os parques estão inseridos.
Esses parques geram 341 mil empregos, de acordo com o portal Turismo Spot.
Enquanto isso, o mercado de turismo sustentável em unidades de conservação do Brasil segundo o ICMBio em 2019 foi de R$ 1,1 bilhão.
Esse número é cerca de 97 vezes menor, mesmo tendo muito mais atrativos naturais do que os Estados Unidos.
Renda e Sustentabilidade
A reportagem também menciona a Costa Rica, conhecida como um dos destinos pioneiros do ecoturismo no mundo.
Seu território possui 25% de sua área coberta por áreas naturais protegidas, de acordo com a reportagem.
Os dados do Instituto Costarricense de Turismo apontam por exemplo, que a visitação em áreas naturais saltou de 500 mil em 1990 para 2,2 milhões em 2018.
Cabrera acredita que se o potencial de geração de renda e receita que o ambiente natural bem protegido e conservado é capaz de gerar, fosse levado em consideração no Brasil, as oportunidades de ascensão de novos negócios cresceriam exponencialmente.
Por: Daniel Cabrera, Cofundador e Diretor-Executivo da Vivalá – Turismo Sustentável no Brasil
** ** Este artigo foi produzido por um autor independente e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Sustentabilidade.