O evento promovido pela NZE, New Zealand Education, enfatizou o desenvolvimento sustentável
No dia 25 (terça-feira) e no dia 26 (quarta-feira) de outubro ocorreu a Latin America Masterclass 2022, direto da Nova Zelândia.
Promovido pela New Zealand Education, o evento online enfatizou o “Kaitiakitanga”, o que significa cuidar das pessoas e do lugar.
O conceito “Kaitiakitanga” envolve a proteção, o respeito e o abrigo do meio ambiente e a preservação dos conhecimentos tradicionais em benefício das gerações futuras.
O evento proporcionou uma visão geral de como funciona o sistema educacional na Nova Zelândia.
Além disso, mostra como nos preparar para um futuro sustentável.
Envolvendo primordialmente conhecimentos tradicionais, turismo sustentável e sustentabilidade, as palestras contaram com a participação de docentes das universidades mais conhecidas do país.
Latin America Masterclass 2022 – Dia 1
O primeiro dia do evento (25) focou no conceito do “Kaitiakitanga”, destacando a influência que uma das primeiras civilizações deixaram para os seus antepassados e para a geração futura.
Essa civilização é mundialmente conhecida como Maori, e foram os primeiros habitantes da Nova Zelândia.
Eles influenciaram bastante as questões ambientais do país, de forma que motiva e inspira gerações atuais e futuras.
Mudanças Climáticas Ações Lideradas pela Iwi: Por que e Como
A Dra. Huhana Smith é uma professora e cientista da Massey University que cresceu na comunidade Maori, povo ancestral da Nova Zelândia.
Huhana lidera uma equipe que cria métodos de pesquisas de rios, solos e mares.
Nos últimos 20 anos, o litoral da Nova Zelândia tem sofrido pelas enchentes e pelas erosões.
Outro projeto em estudo, está o uso do biocarvão para a recuperação de rios e lagos.
Segundo Huhana, o biocarvão contribui para a transparência e limpeza da água.
Alguns testes já foram realizados em áreas isoladas, onde foi possível recuperar uma parte da fauna da região costeira, caso dos sapos e alguns peixes.
Desenvolvimento sustentável do turismo: Uma abordagem regenerativa do turismo
A Nova Zelândia é celebrada como líder em turismo sustentável, mas pesquisas em diversas disciplinas mostram inúmeros custos ambientais que ainda são muito problemáticos para o país, como a degradação da qualidade de água, o lixo que é gerado e a perda da biodiversidade, ou seja, o país está indo bem, mas não bem o suficiente.
Diante deste cenário, Chistian Schott, da Victoria University of Wellington discute o desenvolvimento do Turismo Sustentável como uma resposta fundamental para a situação.
Schott defende a importância da abordagem sustentável ao turismo, pois se trata do equilíbrio e o inter-relacionamento entre as comunidades, o setor privado, os turistas, o setor público e o terceiro setor.
Para atingir esta abordagem, é necessário que todos os mecanismos de feedback sejam avaliados e gerenciados de forma que estejam conectados com a região em que ocorre o turismo, focando o bem-estar da sociedade, o bem-estar do ambiente natural e da economia.
Turismo indígena
O professor coloca o turismo indígena como um exemplo, pois estudiosos Maori trabalham no gerenciamento do turismo há muito tempo.
Haja vista que os Maori não podem estar bem se o ambiente natural não está bem, pois a comunidade tem uma relação muito próxima com o meio ambiente.
São vários os determinantes para a abordagem regenerativa e a Nova Zelândia está bem-posicionada e deseja a mudança.
Entretanto, o país não só deseja viver de maneira mais sustentável, ele quer trazer benefícios, eliminando custos.
Assim, Schott determina que o catalisador fundamental para chegar na abordagem regenerativa é estabelecer objetivos comuns e usar a mesma linguagem do setor privado.
Para isso é necessário que todos adotem abordagens semelhantes, lembrando que há o setor público e o turismo nativo.
O especialista sabe que não se trata de um caminho tão fácil assim, é um processo contínuo em que o primeiro passo é mudar a expectativa dos turistas, antes que cheguem ao país.
Práticas de negócios sustentáveis na Aotearoa, Nova Zelândia
Esta palestra é um esboço das práticas de negócios sustentáveis na Aotearoa, Nova Zelândia.
Basicamente, Tanya Jurado, da Massey Univeristy, define que negócios sustentáveis são iniciativas de uma organização que envolvem cooperação e o espírito de devolver algo para as comunidades com a finalidade de dar todo o apoio que elas precisam.
É um processo que envolve uma conexão e que traz um sentimento de propósito, como por exemplo, o propósito de produzir algo que não prejudique o meio ambiente e que contribua para que a comunidade tenha acesso ao produto.
Na Nova Zelândia, os investidores vêm aplicando os métodos ESG ao investir em uma organização.
A implementação da economia circular na Nova Zelândia foi importante, pois seu conceito se aproxima da visão indígena sobre o mundo, sendo bem aceita na região de Autearoa.
Tanya cita algumas empresas sustentáveis em Nova Zelândia, mencionando a Ethique, uma empresa que produz shampoo e sabonete de forma sustentável, onde o propósito é criar benefícios para todas as partes envolvidas.
Outro exemplo, é uma ponte de concreto feita por uma empresa nova na Nova Zelândia que desenvolveu um aditivo natural para concreto que reduz a pegada de carbono.
Latin America Masterclass 2022 – Dia 2
O segundo dia do evento (26) contou com palestras mais complexas, entrando em alguns conceitos que buscam dar a devida importância para a qualidade de vida, além de mencionar projetos inovadores e detalhar como o sistema educacional do país está trabalhando para manter uma nação mais sustentável para as gerações presentes e para as gerações futuras.
O que torna as cidades mais habitáveis
Segundo Silvia Serrao, docente da University of Waikato, a habitalidade envolve três aspectos fundamentais, são eles:
- Sustentabilidade: Aspectos sociais, ambientais e econômicos.
- Resiliência: a habilidade de se recuperar de desastres sofridos de forma equilibrada.
- Livabilidade: relacionada a questões urbanas, envolve graus habitacionais, levando em consideração a estabilidade, a infra-estrutura e qualidade de vida.
Como nas aulas anteriores a sustentabilidade ganhou destaque, Silvia destacou dois aspectos importantes, a resiliência e a livabilidade.
Resiliência
A resiliência é a capacidade de se recuperar de desastres sofridos, onde uma determinada população consegue seguir em frente após a ocorrência de um desastre.
Existe uma dificuldade de trabalhar a resiliência em locais que sofreram com as mudanças climáticas.
Com a redução das emissões de carbono é possível seguir adiante, pois os danos são minimizados de forma suficiente para que uma população siga sua vida.
Silva destaca que a livabilidade está relacionada inicialmente a centros urbanos em que o objetivo principal é a busca pela melhor qualidade de vida, envolvendo a transformação de espaços para algo que venha contribuir para a população.
Silvia finaliza sua participação, dando ênfase ao diálogo e a participação efetiva da população para que se levante dados a respeito dos aspectos que dificultam a vida nos centros urbanos.
Economia Azul: Uso sustentável de nossos oceanos
Tek Tjing Lie, da Auckland University of Technology, traz um projeto que foi desenvolvido na Austrália, que começou em 2020 e que envolve a exploração sustentável dos oceanos.
O projeto envolve um conjunto de ações que visam preparar uma equipe para atuar de forma eficaz em cinco programas: Tecnologia offshore, Produtos marinhos e frutos do mar, Sistema de Energia Offshore Renovável, Ecossistema e Ambiente e Desenvolvimento Offshore Sustentável.
Basicamente, o programa trabalha com a conversão da natureza, usando as ondas, o vento e a energia solar para transformar em energia, de forma que controle, armazene e otimize operações.
Além do apoio de instituições, governos, universidades e outras empresas internacionais, outras inúmeras empresas patrocinam o projeto, sendo que estão envolvidas empresas de grande, média e pequenos portes.
Resiliência e Sistemas Alimentares – O futuro desafio dos estudantes de hoje
Resiliência e sistema alimentar é uma grande área de pesquisa que diz respeito a sistemas ambientais, sociais, negócios, governança, sociedade.
Além disso, engloba todos os elementos que estão em nosso sistema alimentar.
Diante dessa realidade, as universidades da Nova Zelândia estão trabalhando para que os alunos alterem os locais de estudo para ajudar os sistemas de produção de alimentos, tendo contato direto com o solo.
Sendo assim, a universidade equipa os seus alunos com a possibilidade de oferecer um amplo escopo de estudo, criando uma área limitada de atuação para comunicar para o mundo.
Boas práticas
Foram dois dias promissores, levantando questões ambientais que nos preparam para um futuro mais sustentável.
Trazendo principais atores neozelandeses, o evento promove valores, habilidades e motivação para que as pessoas ajam em prol da sustentabilidade.
Ainda mais, resgatando valores sustentáveis que vem de civilizações passadas e adequando para a nossa época de modo que venha a influenciar gerações futuras.