Jato de pesquisa coletará dados da Amazônia

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O jato alemão Halo fará medições e coleta amostras de ar para entender relação entre a floresta e a alta atmosfera

O jato de pesquisa Halo, equipado com vários instrumentos para estudo da alta atmosfera, chegou na última quinta-feira ao aeroporto internacional de Manaus (AM) para começar uma missão no Brasil.

Desde o domingo (4), a aeronave do Centro Aeroespacial da Alemanha (DLR) está no país, e vai sobrevoar por 50 dias a Amazônia a até 15 km de altitude para estudar a interação da floresta com a alta atmosfera.

Parceria BrasilxAlemanha

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Foto: Reprodução/Pexels

A iniciativa está sendo financiada pela Sociedade Max Planck da Alemanha, em parceria com a FAPESP(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

O objetivo dos cientistas é principalmente coletar amostras de ar nessa altitude para entender a formação dos agregados de aerossóis que provocam a chuva na floresta e entender como ela interage com o Atlântico.

O nome Halo é um acrônimo de High Altitude and Long Range Research Aircraft (Aeronave de longa autonomia e grande altitude).

Com o sobrevoo, o grupo espera preencher uma lacuna de dados no entendimento da atmosfera sobre a floresta, que já é bem mapeada por satélites e por dados coletados por aviões em altitudes menores.

O meio do caminho entre essas duas camadas ainda é uma área relativamente mal conhecida, que os instrumentos do Halo poderão mostrar melhor.

Dados de estudo do efeito estufa

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Foto: Reprodução/Pexels

O projeto envolve cerca de 80 cientistas, que estão instalados em uma base improvisada no aeroporto internacional de Manaus.

No lado brasileiro, a iniciativa é coordenada pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pela Universidade de São Paulo (USP).

No lado alemão a iniciativa é do Instituto Max Planck de Química.

As instituições já são parceiras em outro projeto na Amazônia, a torre de pesquisa ATTO, a mais alta estrutura construída na América do Sul.

Foco na floresta

Amazônia
Foto: Reprodução/Pexels

A série de sobrevoos que o Halo fará agora em dezembro e janeiro integra o projeto CAFE-Brazil (Chemistry of the Atmosphere: Field Experiment in Brazil), com foco primordialmente no papel da floresta diante das mudanças climáticas.

O projeto também envolve a Universidade Estadual do Amazonas, que participa do projeto com um barco científico.

A presença do jato Halo no Brasil é inédita.

De acordo com o físico Paulo Artaxo, professor da USP e um dos coordenadores do projeto, é a primeira vez que vão ser feitas medidas de gases de efeito estufa em alta atmosfera numa região tropical do planeta.

Um dos focos da pesquisa é entender como o ciclo de evaporação e chuva na floresta depende dos chamados “compostos orgânicos voláteis”.

Segundo Artaxo, os compostos orgânicos voláteis emitidos pela floresta vão para a alta atmosfera e se condensam em partículas. Através do princípio da convecção, as partículas voltam para a troposfera para alimentar o ciclo hidrológico da floresta amazônica.

Jato equipado

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Foto: Reprodução/Pexels

Os dados serão coletados pelo arsenal de instrumentação científica que o jato carrega a bordo.

Entre seus 19 equipamentos especiais estão um espectrômetro de massa e um cromatógrafo, usados para identificar a composição de gases.

O avião tem ainda, sensores para medir a presença de gases relevantes na interação do solo com a atmosfera, como por exemplo o metano e o CO2.

Além disso, mede também o ozônio, óxido nitroso, e monóxido de carbono, entre outros compostos.

Pela distância a que estará do chão, o Halo dificilmente será notado pelos amazônidas enquanto estiver nos céus da floresta.

A expectativa de acordo com Jos Lelieveld, do Max Planck, e líder científico da pesquisa, é obter novas informações sobre os processos químicos na atmosfera acima da floresta tropical.

E ainda mais, sobre as interações entre a biosfera e a atmosfera, para explicar melhor o papel fundamental da floresta tropical no sistema terrestre.

Fonte: O Globo

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