Brasil poderá ter a maior frota de ônibus elétricos da América Latina até 2024

ônibus elétricos

O Brasil potencialmente chegará em 2024 com a maior frota de ônibus elétricos do continente

O Brasil potencialmente chegará em 2024 com a maior frota de ônibus elétricos do continente.

Algumas leis que já foram implementadas em cidades brasileiras direcionando o uso desses veículos fazem acreditar que o Brasil viverá uma grande alavancagem nos próximos dois anos.

Podendo ainda, chegar a aproximadamente 3 mil unidades e se tornar um dos protagonistas regionais na diminuição das emissões de gás carbônico no transporte público.

A previsão é de Edgar Barassa, especialista e pesquisador nas áreas de eletromobilidade, energias renováveis e tecnologias emergentes de baixo carbono.

Perspectiva para aumento da frota

ônibus elétrico
Foto: Reprodução/Pexels

Atualmente o país conta com apenas 68 ônibus elétricos a bateria em uso no transporte público, muito aquém da Colômbia, que já tem 1.589 ônibus elétricos, e do Chile que soma 849, de acordo com a plataforma e-bus Radar.

“Tendo em vista que somos um país de dimensão continental, esses números nos mostram que estamos alguns passos atrás, mas temos uma perspectiva de que vamos superar esses números latino-americanos devido ao volume de frota total que o Brasil tem hoje no transporte público e pelos compromissos já estabelecidos”, salienta Barassa.

Somente a cidade de São Paulo, ressalta, já contará 2.600 unidades em 2024. A capital paulista criou a Lei de Mudanças Climáticas (Lei nº 16.802), que tornou obrigatória a transição energética dos transportes via decarbonização para todo ônibus novo que entrar em circulação.

Redução nas emissões

poluição
Foto: Reprodução/Pexels

Barassa aponta que a proibição de novos ônibus a diesel poderá evitar emissões acumuladas da ordem de 1.924.662 toneladas de CO2 entre 2022 e 2028, tendo em vista à introdução de 2.602 ônibus de emissão zero até o final de 2024 e 6.602 em 2028, de acordo com estudo publicado pelo ICCT (2022).

A previsão é que a aceleração desse processo de eletrificação deve impulsionar a economia mineira, gerando uma demanda significativa na produção de baterias para abastecer esses veículos elétricos.

“As matérias-primas que compõem as baterias, como lítio e seus derivados, são encontradas em abundância em solos mineiros, fazendo com que o estado tenha uma participação estratégica no crescimento e abastecimento desse mercado”, observa.

Contudo, o especialista ressalta que para se tornar um player nesse segmento, abastecendo esse cluster produtivo, Minas precisa desenvolver competências em Pesquisa e Desenvolvimento e Manufatura em seu setor produtivo em prol das baterias de alta tensão e investir em especialização de sua mão-de-obra local.

“Temos profissionais especializados no mercado para montar os módulos e pacotes de baterias; fazer a programação e o sistema de gestão da bateria, mas para o principal ativo, que são as células, ainda estamos carentes de competências direcionadas. Lá fora o mundo já está se capacitando, mas no Brasil ainda não existem essas competências adequadamente formadas”.

Brasil é maior produtor de ônibus urbanos

ônibus elétrico
Foto: Reprodução/Pexels

Barassa destaca que o Brasil é um dos maiores produtores de ônibus urbanos do mundo, atrás apenas de China e Índia.

Mas ressalta que é preciso, antes de qualquer coisa, fazer um trabalho de transição para que o país tenha vantagens econômicas com a eletrificação do transporte público.

“Se trouxermos o ônibus elétrico importado, perdemos o efeito multiplicador de criação de renda interna, abrindo mão de capturar valor e de gerar emprego e conhecimento”, registra.

De acordo com estudo feito para a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), que teve Barassa como um dos autores, a cada R$ 1 milhão em vendas relacionadas a ônibus elétricos, promove-se a geração de 15 empregos na economia.

Em termos de impactos para o PIB, o cenário ideal apresenta um incremento na ordem de 0,04% (cerca de R$ 3, 1 bilhões) por ano. Em termos de geração de impostos, a arrecadação acumulada poderia chegar a R$ 44,3 bilhões em 2050.

Saúde pública

ônibus elétrico
Foto: Reprodução/Pexels

Para além do aspecto econômico, com a eletrificação do setor haverá uma grande melhoria da saúde pública.

Uma das principais causas de morte no mundo está relacionada a problemas pulmonares provocados pela poluição atmosférica, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

7 milhões de mortes prematuras são provocadas todos os anos pela poluição do ar, principalmente nos países de baixo e de médio rendimentos.

E o setor de transportes terrestres pesados responde por grande parte dessas emissões.

De acordo com os dados do Instituto Saúde e Sustentabilidade, 33.751 (27%) das mortes e 19.638 (28%) das internações públicas as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Porto Alegre e Curitiba se devem exclusivamente às emissões de diesel dos ônibus do transporte público destas regiões. O custo estimado para o SUS é de R$13,6 bilhões e R$37,2 milhões, para o período de 2018 a 2025.

Por:  Edgar Barassa, especialista e pesquisador nas áreas de eletromobilidade, energias renováveis e tecnologias emergentes de baixo carbono


** ** Este artigo é de um autor independente e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Sustentabilidade.

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