Através dos Relatórios de Riscos Globais, é possível ter acesso à informações valiosas que nos permitem preparar estratégias de adaptação e mitigação frente aos desafios que certamente enfrentaremos nas próximas décadas.
São poucos os estudos capazes de sintetizar em uma única publicação os maiores desafios e riscos enfrentados por comunidades, indústrias e nações nos tempos atuais. Compreender as complexidades, interdependências e multidisciplinaridade que envolvem as relações humanas e ambientais demanda tempo, recursos e conhecimento.
Felizmente, através dos Relatórios de Riscos Globais, é possível ter acesso à informações valiosas que nos permitem preparar estratégias de adaptação e mitigação frente aos desafios que certamente enfrentaremos nas próximas décadas.
Relatório de Riscos Globais
Em janeiro de 2023, o Fórum Econômico Mundial lançou a 18ª edição do Relatório de Riscos Globais; um documento que apresenta os maiores riscos enfrentados pela humanidade no presente e que certamente impactarão nossas vidas no futuro.
Para que essas informações sejam precisas, pesquisas foram realizadas com experts e líderes dos setores empresariais, acadêmicos, governamentais e sociedade civil, resultando na criação de cenários bastante confiáveis e com uma alta probabilidade de se concretizarem.
Os riscos globais estão divididos em 5 categorias: econômicos, ambientais, geopolíticos, sociais e tecnológicos.
Aqui, darei destaque para uma das análises mais relevantes da publicação, que trata dos 10 principais riscos em termos de gravidade para os próximos 2 anos (riscos que provavelmente acontecerão em um curto prazo de tempo) e 10 anos (longo prazo).
Dados dos riscos globais
Dentre os 10 riscos mais graves para os próximos 2 anos, 5 estão relacionados às questões ambientais. Dos 10 riscos de maior destaque para os próximos 10 anos, 6 deles também são ambientais.
A falha da mitigação e adaptação das mudanças climáticas continua sendo uma das maiores preocupações, tendo em vista a incapacidade de criação de uma aliança internacional capaz de frear as emissões de gases de efeito estufa e atingir níveis otimistas de sustentabilidade nos territórios nacionais.
Os desastres e eventos climáticos extremos continuarão sendo uma das maiores preocupações para os próximos anos, levando à migração involuntárias em larga escala, crises políticas e insegurança alimentar, hídrica e energética.
A figura 1 traz luz a um cenário de desafios complexos: viveremos uma década caracterizada por crises ambientais e sociais, impulsionadas por eventos geopolíticos e econômicos.
pandemia da COVID-19 e a guerra na Ucrânia resultaram em crises alimentares e energéticas que impactaram diretamente no custo de vida ao redor do mundo; prejudicando principalmente aquelas pessoas que vivem nas regiões mais vulneráveis do planeta.
Criando soluções inteligentes
Essa nova era de baixo crescimento, baixo investimento global, desglobalização, declínio do desenvolvimento humano e a pressão global para que haja uma transição econômica, comportamental, tecnológica e social para um mundo de 1,5°C colocam em xeque a capacidade humana de cooperar para criar soluções inteligentes para os desafios globais.
Nesse Relatório, a crise climática é o centro das atenções. O “boom” da ESG, economia circular e desenvolvimento sustentável que tomaram conta nestes 2 últimos anos não aconteceu por acaso. Indústrias, governos, universidades e comunidades estão sendo cada vez mais pressionadas a fixarem essas agendas da sustentabilidade em suas atividades e ações.
Não se trata de uma alteração romântica e drástica do status quo em que a sustentabilidade se tornou um assunto central; trata-se de uma necessidade percebida por governos, investidores, sociedade civil e empresas.
Transparência, inovação, tecnologia e sustentabilidade serão os pilares fundamentais para que obtenhamos um desenvolvimento satisfatório das economias, da qualidade de vida, da preservação ambiental e do combate às mudanças climáticas.
Ferramentas para prevenção
Os relatórios de riscos globais não devem ser meramente interpretados como documentos alarmantes e pessimistas.
Os relatórios são como bússolas que nos permitem compreender o mundo e prever catástrofes antes que elas nos atinjam (ou pelo menos, antes que elas esgotem nossas ferramentas e nosso tempo para mitigarmos e nos adaptarmos aos seus impactos adversos).
Este breve artigo é um convite para que os mais diversos atores engagem e participem dessa mudança global.
É hora de criarmos pontes estáveis entre os mais diversos stakeholders, dando destaque para os agentes de inovação da indústria e startups, concentrando esforços para combater riscos globais que colocam constantemente em risco todo o progresso construído até os dias atuais.
Para que possamos mudar os processos, é importante que antes, mudemos as mentes e os corações. É através da cooperação e da busca por novas soluções que encontraremos soluções locais para desafios globais.
Aconselho a leitura destes dois relatórios importantíssimos que serviram de referência para a criação deste artigo e que guiarão a nossa jornada para um mundo mais resiliente e sustentável!
Por: Wellyngton Silva de Amorim – Diretor de Comunicação da 4Feedstock– Pesquisador no Centro de Pesquisa em Desenvolvimento Sustentável (Greens – Unisul) – Mestre em Ciências Ambientais – Bacharel em Relações Internacionais.
** ** Este artigo é de autor independente e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Sustentabilidade.