Fazer o descarte correto de pneus inservíveis contribui para o meio ambiente e ajuda a evitar a proliferação de causadores de doenças.
Os pneus usados necessitam de um descarte correto e sustentável, principalmente devido ao seu elevado tempo de deterioração, causando poluição do solo e contaminação de áreas.
Além de ser fontes para diversas doenças, como dengue, malária e febre amarela, os pneus frequentemente são descartados de forma incorreta, podendo ser encontrados em rios, lagos, nos mares e nos solos.
Os lixões se transformaram em um dos lugares mais comuns em que esses resíduos são descartados, ocupando grandes espaços e passando a ser o principal agente de proliferação de doenças.
De acordo com a SINPEC ( Sindicato Nacional da Indústria de Pneumáticos, Câmaras de Ar e Camelback) no pneu de passeio, a borracha predomina, sendo 27% sintética e 14% natural.
O negro de fumo constitui 28% da composição. Os derivados de petróleo e produtos químicos respondem por 17%, o material metálico (ou aço) por 10% e o têxtil por 4%, o que faz com esse produto leve mais de 600 anos para se decompor.
Mas você sabia que os pneus podem ser descartados de forma mais sustentável?
Neste artigo vamos abordar o processo de logística reversa de pneus inservíveis, com a experiência de dentro de uma empresa de pneus, a Michellin, uma das líderes mundiais na fabricação e comercialização de pneus, serviços e experiências.
Vida útil dos pneus
O senhor Miguel Rocha, responsável pelo setor de Meio Ambiente da Michellin da unidade de Itatiaia, gentilmente conversou com a equipe editorial do Portal Sustentabilidade e falou um pouco a respeito da logística reversa dentro da empresa.
A vida útil do pneu é determinada primeiramente pela qualidade da carcaça, seguido pelo cuidado durante o uso.
De acordo com Miguel, quando um pneu é recauchutado deixamos de retirar da natureza 70% em materiais e consumo de energia, que são aspectos ambientais importantes a serem considerados no ciclo de vida dos pneus.
A destinação dos pneus inservíveis, na Michellin, prioritariamente tem sido a recuperação energética, onde os pneus inservíveis já cortados são utilizados como combustível alternativo num determinado processo, como por exemplo a fabricação de cimento.
Mas existem estudos e iniciativas, que visam o aproveitamento de 100% dos pneus, de forma que cada um dos seus componentes possa vir a se tornar matéria- prima para a fabricação de um novo pneu.
O processo da recauchutagem
No processo de logística reversa, os pneus coletados são identificados e enviados a Michelin ou um de seus licenciados para recauchutagem.
Após uma inspeção inicial é possível avaliar se o pneu terá ou não condição de ser recauchutado, porém ao longo do processo, caso se detecte uma impossibilidade técnica, a recauchutagem é interrompida.
Na Michelin a taxa de recauchutagem gira em torno de 80% dos pneus coletados, comenta Miguel Rocha.
Economia circular
Uma forma sustentável de descartar pneus é através do conceito de economia circular, ou seja, quando a vida útil dos pneus chegam ao fim e a borracha que não é mais utilizada passa a ser encaminhada para empresas ou organizações que transformam o material em uma nova matéria-prima, evitando o descarte inadequado ao meio ambiente.
É necessário levar em consideração a complexidade que envolve o descarte dos pneus, porque se trata de um resíduo de porte grande e pesado.
Portanto, para fazer o transporte dos inservíveis até o destino ideal, o aconselhável é procurar pontos de coleta e destinação, próximos da região em que você se encontra localizado.
Logística Reversa
No Brasil, as indústrias pneumáticas se reúnem na ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, de forma a atender a Resolução CONAMA 416, de 30 de setembro de 2009, onde foi estabelecido que os fabricantes e importadores de pneus novos, com peso unitário superior a 2,0Kg (dois quilos), ficam obrigados a coletar e dar destinação adequada aos pneus inservíveis existentes no território nacional.
A RECICLANIP é o braço operacional da ANIP, é quem cuida exclusivamente das ações de coleta e reciclagem de pneus inservíveis.
É responsável pela Logística Reversa do produto e pelo fomento para novas destinações. Também desenvolve programas para a criação de pontos de coleta de pneus inservíveis por meio de parceiros.
Responsabilidade Compartilhada
De acordo com a Reciclanip, os fabricantes nacionais de pneus destinaram de forma ambientalmente correta 380.312 mil toneladas de pneus inservíveis em 2020. Os resultados constam no Relatório de Pneumáticos do Ibama e mostram que a meta de destinação foi cumprida em mais de 100%
Para garantir que os pneus tenham a destinação correta, e não extravie, o site da Reciclanip fornece os endereços dos pontos de coleta em todo o Brasil.
Miguel Rocha destaca que a população deve descartar seus pneus nos pontos de coleta espalhados por todo o país. Em nenhuma hipótese a população deve descartar pneus inservíveis na natureza.
É importante destacar que a responsabilidade do descarte correto dos pneus é de todos, desde consumidores até os fabricantes, conforme determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos, LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010.
De um lado, os consumidores devem entregar os pneus nos pontos de coleta credenciados, do outro, os distribuidores precisam fazer com que inservível retorne para o processo, e assim os fabricantes podem fazer a destinação final.
Dessa forma, podemos garantir a correta destinação de pneus inservíveis, contribuindo para que o ciclo de vida do produto se complete, e ainda evitando danos ambientais, gerados pelo descarte incorreto.