Conheça a riqueza oculta que está por trás do lixo eletrônico e todas as possibilidades do que muitos chamam de lixo.
O lixo eletrônico é nada mais, nada menos que o resultado das inovações tecnológicas, que atingem principalmente, computadores e aparelhos celulares.
Diariamente, há uma variedade de aparelhos eletrônicos que são descartados, como impressoras, notebooks, celulares, televisões, smartphones, eletrodomésticos, entre outros.
Descarte correto
Estes aparelhos podem conter substâncias tóxicas e metais pesados capazes de contaminar o solo, a água e os alimentos, como por exemplo o chumbo, o mercúrio, o cromo e o cádmio.
Diante disso, é importante que esses aparelhos sejam descartados e gerenciados de maneira adequada.
Mas o que poucos sabem é que esses aparelhos possuem materiais de valor em sua composição, o que pode significar o resgate de bilhões de dólares em matérias-primas minerais.
Diversas matérias-primas podem ser encontradas nestes aparelhos, dentre eles o ouro, o platino e o estanho.
Conheça estas três riquezas ocultas por trás do lixo eletrônico.
Ouro (Au)
Produzido a partir da colisão de duas estrelas de nêutrons, o ouro é um metal precioso que geralmente é encontrado no ramo da joalheria, indústria e eletrônica, bem como reserva de valor.
Um dos metais mais cobiçados e procurados na Terra, o ouro é um excelente condutor de energia elétrica e térmica, usado geralmente em componentes que não podem sofrer processos de oxidação e que precisam de boa condução elétrica e de calor.
Segundo o relatório divulgado pelo Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (Unitar, na sigla em inglês), o lixo eletrônico gerado em 2019, continha 7 mil quilos de ouro em toda a América Latina.
Por ano, a indústria mundial de equipamentos eletrônicos investe cerca de 16 bilhões de dólares na compra de ouro.
De acordo com o Greenpeace, 48% da extração de ouro é destinada à produção de joias, 40% é utilizada em operações financeiras e 12% para fabricar equipamentos eletroeletrônicos.
Para se ter uma ideia, apenas um celular possui em média, 0,026 gramas de ouro, sem contar o ouro que há no cartão SIM e no cartão de memória.
Porém, 38 celulares é igual a 1 grama de ouro, ou seja, um celular possui 26 miligramas de ouro.
Platina (Pt)
Encontrada naturalmente em aluviões de diversos rios, como rochas, por exemplo, se trata de um metal raro e até mais valioso que o ouro, além de ser o mais pesado dos metais.
A platina foi utilizada pela primeira vez pelos nativos pré-colombianos da América do Sul para produzir artefatos.
É um metal que se destaca pelo seu alto ponto de fusão e pela sua pureza.
Em aparelhos eletrônicos, como o iPhone, por exemplo, podem ser encontrados menos de um miligrama de platina.
No caso dos smartphones, computadores e tablets, a platina permite carregar uma grande quantidade de dados em nossas mãos, além de ser responsável por manter o disco rígido funcionando nestes aparelhos.
Estanho (Sn)
Um dos metais mais antigos conhecidos, o Estanho é um metal branco que foi usado como um dos componentes do bronze desde a antiguidade, sendo que diversas indústrias a utilizam como matéria-prima, entre elas a indústria eletrônica.
Encontrado principalmente no mineral “cassiterita”, com composição SnO2, o estanho é muito resistente à corrosão.
Nos smartphones, é usado para aplicar um revestimento fino, transparente e condutor às suas telas, sendo responsável pela função de tela sensível ao toque.
Além dessa função, o estanho é usado no conserto dos aparelhos em que o fio de estanho é usado no processo de soldagem.
O estanho é extraído do lixo eletrônico através da reciclagem mecânica, em que ocorre a diminuição do tamanho do material e a fragmentação por britagem e moagem, produzindo assim os resíduos.
Em seguida, esses resíduos passam por peneiras, classificadores mecânicos e ciclones, que classifica o material por granulometria.
Recuperação dos materiais
Esses metais presentes em vários aparelhos eletrônicos podem ser recuperados por dois caminhos, a pirometalurgia, que basicamente é a incineração do lixo eletrônico e depois os metais são separados por ponto de fusão.
É um método barato, mas é um processo que gera gases tóxicos e os metais recuperados possuem baixo teor de pureza.
Outro caminho é a hidrometalurgia, em que o metal é dissolvido por meio de reações químicas, separando-o de outras substâncias.
O Brasil tem investido na reciclagem de eletroeletrônicos, em que passa pela etapa de amostragem, onde o material é triturado e formando uma mistura homogênea.
No laboratório se retira uma amostra, onde são identificados os metais contidos no lixo e depois passa pela etapa de refino, ou seja, a separação de cada um dos metais.
Cobiçados pelos fabricantes de bateria que compram componentes reciclados, como o estanho, por exemplo, os metais preciosos são cotados até mesmo pela bolsa de valores, sendo que o valor dos materiais recém extraídos ou reciclados é o mesmo.
Cada metal tem o seu valor, gerando grande lucro, sendo que também podem ser usados para a fabricação de novos catalisadores.
Fonte: Mineração Urbana: O tesouro escondido no lixo eletrônico
Lixo eletrônico: o que é e por que é importante reciclá-lo | National Geographic