Cada vez mais, amplia-se a compreensão de que empresas públicas e privadas precisam ter compromissos com a sociedade.
Clientes, investidores, órgãos reguladores estão requisitando ações e metas com base nos pilares que envolvem o ESG. Essa adequação requer preparo por parte das organizações.
Por mais que alguns temas tenham maior visibilidade para as partes interessadas, há algumas orientações básicas que se aplicam a todas as empresas.
Pensando nisso, compilamos 8 passos essenciais para atingir maior sustentabilidade:
1 – Engajamento da alta liderança
O primeiro é o engajamento da alta liderança da empresa com a agenda de sustentabilidade. Como em qualquer adoção de normas, práticas ou estratégias, a alta direção precisa estar mais do que somente envolvida. É necessário que ela seja e aja como um exemplo e demonstre seu engajamento na causa. A mudança na cultura começa quando toda a companhia enxerga o valor da sustentabilidade e seu apoio de forma contínua.
2 – A governança da sustentabilidade
O nome parece complicado, mas aqui a estratégia é organizar e balancear as tarefas da agenda de sustentabilidade para que ela seja efetiva, integrada e corretamente gerenciada.
Claro que isso vai depender muito do tamanho da sua organização, mas a criação de comitês funciona muito bem. Eles facilitam a integração dos aspectos ESG junto às políticas, processos, práticas e procedimentos do negócio.
É importante que o comitê traga a diversidade dos membros, considerando grupos de minoria, para que tenha um colegiado com diferentes expertises e competências.
3 – Elaboração de uma política de sustentabilidade
Assim como o 1º passo, a criação de uma política é essencial quando se quer que as estratégias de normas ou práticas façam parte da cultura da organização. Com a sustentabilidade, não é diferente. Há 3 possíveis maneiras de orientar a redação de uma política: por tema, por unidade de negócio e por área funcional.
Mas de forma geral, uma boa política precisa ser: curta, objetiva e compartilhada com todos os stakeholders.
O ideal também é que a política seja tratada como uma informação documentada segundo a ISO 9001, com gestão de versão, identificação e descrição, fluxo de revisão, disponibilidade para uso quando necessário, proteção contra perda de confidencialidade e edição e controle de documento impresso incluindo distribuição, acesso, recuperação, retenção e disposição.
4 – Apoio e gestão de Stakeholders
A tradução livre do inglês traduz Stakeholders como partes interessadas. Dentro do mundo corporativo, o conceito se aplica a grupos e indivíduos que, de uma forma ou de outra, apresentam algum grau de influência e são impactados pelas decisões que a empresa toma, positiva ou negativamente.
Alguns exemplos de Stakeholders são: clientes, colaboradores, acionistas, fornecedores, sindicatos e investidores.
Dialogar com as partes interessadas permite que sua empresa entenda melhor os impactos gerados por suas atividades e defina suas estratégias de sustentabilidade.
Nesse sentido, existem diversos canais que você pode utilizar para comunicação, dentre eles: pesquisas, reuniões individuais e coletivas, conferências, audiências públicas, conselhos e comitês, central de atendimento ao cliente e ao investidor, canais de denúncia e ouvidor, além das próprias redes sociais.
Além disso, a gestão de fornecedores é muito relevante para as empresas no âmbito ESG, principalmente àquelas em que fazem parte de setores de cadeia longa e envolvem atividades com potenciais impactos negativos.
Ainda também, dentro da cadeia de valor, outro ponto importante é o pós-venda, ou seja, o processo envolve as etapas de consumo e pós consumo, ou seja, também é primordial gerenciar os impactos do ciclo de vida do seu produto ou serviço.
5 – Entender o contexto de sua organização
O contexto corresponde à realidade da empresa e ao meio em que ela está inserida. Sua empresa precisa priorizar e integrar todas as questões relacionadas à sustentabilidade junto à estratégia do negócio.
E como saber qual o contexto que você está inserido? Há três níveis que podem auxiliar: sustentabilidade, setorial e interno.
Dentro do contexto da sustentabilidade, considera-se temas globais mapeando requisitos e tendências regulatórias, riscos que afetam a sociedade e os negócios como todo e recomendações reconhecidas no universo da sustentabilidade.
Os objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU são um excelente norte nesse momento. Contudo, é importante a consideração de temas críticos no âmbito nacional, como temas relacionados ao combate à poluição e desmatamento.
Já no conceito setorial, ou seja, o setor que a empresa está envolvida, é interessante considerar normas ou frameworks reconhecidos para seu setor de atuação como por exemplo a GRI, o SASB, ISSB ou IFRS.
O uso em conjunto dessas referências torna o estudo ainda mais completo. Existem ainda certificações específicas para cada segmento que podem complementar ainda mais. Por último, no contexto interno é importante avaliar qual é o momento atual da companhia.
Fazer um diagnóstico de sustentabilidade, verificar as lacunas existentes e identificar oportunidades de melhoria com curto, médio e longo prazo são ações essenciais.
6 – Estabelecer prioridades e estratégia de sustentabilidade
Após compreender todo o contexto da sua organização, o empreendedor se depara com diversos assuntos para gerenciar.
A princípio, a percepção dos stakeholders é mais do que essencial na escolha das prioridades. Esta, em conjunto com a estratégia interna do negócio, vai compor a análise de materialidade. Na prática, existem diversas formas de se realizar essa avaliação, sendo a mais comum a elaboração de uma matriz de materialidade.
Após a definição de quem são seus stakeholders e os temas que podem ser abordados dentro do contexto visto na última etapa, faltarão apenas 3 novos passos.
O primeiro é a avaliação interna. Os membros da alta direção devem avaliar internamente uma forma de priorizar os temas mais importantes para a organização considerando a estratégia do negócio.
O passo seguinte é fazer esse questionamento junto às partes interessadas. Elabore um questionário ou uma pesquisa formal para que os stakeholders identifiquem os temas de maior relevância para o negócio.
O questionário pode ser construído de forma para que as partes interessadas avaliem a importância e o impacto de cada tema, podendo utilizar uma escala numérica, no formato de ranking ou de forma simples selecionando os mais importantes. Lembrando que dados quantitativos facilitam a análise e podem ser explicados visualmente.
No último, deve-se analisar as respostas e construir a matriz de materialidade. Aconselha-se confrontar a avaliação interna da alta direção com a avaliação dos stakeholders para obter um consenso dos temas relevantes. Em uma matriz você combina os dois eixos, ou seja, a importância do tema para as partes interessadas versus o impacto do tema para a empresa.
7 – Definir metas
É necessário estabelecer metas claras e objetivas para seus indicadores. Lembrando que dentro desse universo de divulgação de informações relacionadas à sustentabilidade, é preciso ser transparente. Portanto, é importante expor tanto metas como indicadores e permitir um fácil monitoramento interno e externo.
8 – Relatar os resultados e desafios
A melhor maneira de divulgar todas as suas iniciativas é por meio de uma publicação de relatório. As empresas de capital aberto já devem publicar em jornal e enviar todo início de ano à CVM o relatório da administração prestando contas, bem focado nos resultados financeiros relacionados ao ano anterior.
Dessa forma, tem sido cada vez mais frequente incorporar questões ESG nesses relatórios ou ainda divulgar e publicar relatórios específicos de sustentabilidade.
Alguns frameworks como o GRI, SASB, IFRS podem ser utilizados para guiar a elaboração do relatório. Atualmente, estes ainda não são mandatórios, mas a tendência é que no futuro se tornem seja por lei ou até por imposição do mercado e dos investidores.
Mesmo que a empresa não seja de capital aberto, é importante também divulgar um relatório com as iniciativas, metas e resultados que você possui.
Ele pode ser útil junto aos seus clientes e mercado, pois também serve como ferramenta de gestão, auxiliando no monitoramento e na divulgação dos seus indicadores e da sua estratégia.
Por: Hermínio Gonçalves, CEO da SoftExpert Brasil
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