Confira os dados completos sobre o estado atual e as tendências da reciclagem

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Apesar dos avanços nos últimos anos, o Brasil recicla apenas 4% dos resíduos recicláveis.

Segundo Jordi Pon, coordenador Regional de Químicos, Resíduos e Qualidade do Ar do Escritório da América Latina e Caribe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a reciclagem é, a rigor, um processo de transformação que utiliza várias técnicas físicas, químicas e mecânicas que tem como finalidade obter novos materiais ou novas matérias-primas a partir de materiais que já foram utilizados e descartados.

Reconhecida como uma prática antiga, a reciclagem era feita de forma artesanal, através da reutilização de materiais como papel, vidro e metais, mas foi somente no século XX que ela se tornou mais difundida.

Com a chegada da era da industrialização, surgiram as primeiras iniciativas de reciclagem em grande escala e ao longo do século XX os governos passaram em investir cada vez mais em programas de coleta seletiva e reciclagem.

A reciclagem surgiu como uma alternativa de diminuir a quantidade de lixo gerado pela sociedade e com o passar do tempo, novas tecnologias contribuíram para o crescimento desta prática.

Mas qual é o cenário atual? Quais são os dados atuais e o que está por vir?

Quais são os dados?

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Foto: Reprodução/Pexels

Segundo os dados levantados pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), divulgados em 2022, apenas 4% dos resíduos sólidos recicláveis são de fato reciclados no Brasil.

Comparado com países como Chile, Argentina, África e Turquia, que apresentam 16% de reciclagem, segundo a International Solid Waste Association (ISWA), o Brasil apresenta um índice muito baixo, haja vista que esses países possuem a mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico.

Por outro lado, o grande potencial que o país possui está evidenciado nos dados que dizem a respeito à reciclagem de papel, plástico e alumínio.

De acordo com o Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), o Brasil está entre os maiores recicladores de papel do mundo, com 5,1 milhões de toneladas do material voltando para o processo produtivo.

Plástico pós-consumo

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Foto: Reprodução/Pexels

Um estudo encomendado à MaxiQuim pelo PicPlast – Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico, promovido pela Braskem e Abiplast (Associação Brasileira da Industria do Plástico), constatou que o índice de plásticos pós-consumo reciclados no país atingiu 23,4% em 2021.

Este levantamento também mostrou que o volume de produção de plásticos de origem reciclada superou, pela primeira vez, a marca de 1 milhão de toneladas naquele ano, alta de 14,3% em relação de 2020.

A Associação Brasileira de Aluminio (ABAL), publicou no dia 28 de março deste ano, que o Brasil se tornou campeão mundial em reaproveitamento do alumínio, conquista que aconteceu pelo sétimo ano consecutivo. 

De acordo com a Recicla Latas, organização responsável pelo aperfeiçoamento da logística reversa das latas de alumínio para bebidas do Brasil, a reciclagem das latinhas evitou a emissão de 15 milhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE) nos últimos 10 anos.

O dado foi obtido com base nas informações do Índice Nacional de Reciclagem Latas de Alumínio para Bebida, divulgado pela própria entidade gestora.

Nesse levantamento, ganha destaque a quantidade de energia elétrica poupada com a reciclagem das latas.

Segundo a Recicla Latas, a energia economizada anualmente é mais que suficiente para o consumo residencial de um estado como Goiás por igual período.

Vale lembrar que o Brasil conseguiu fazer história na reciclagem de latas de alumínio para bebidas em 2021, reciclando cerca de 33 bilhões de latinhas – 98,7% do total consumido.

Qual o cenário atual da reciclagem no Brasil?

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Foto: Reprodução/Pexels

A Abrelpe, em sua última edição (2022), nos dá detalhes numéricos a respeito da reciclagem dos resíduos secos, que são compostos principalmente pelos plásticos (16,8%, com 13,8 milhões de toneladas por ano), papel e papelão (10,4%, ou 8,57 milhões de toneladas anuais), vidros (2,7%), metais (2,3%) e embalagens multicamadas (1,4%).

Embora o Brasil tenha um grande potencial para aumentar a reciclagem, diversos fatores explicam o baixo índice de reciclagem no Brasil, como a falta de conscientização, a falta de engajamento do consumidor na separação e descarte seletivo de resíduos, além da falta de infraestrutura das prefeituras para permitir que esses materiais retornem para o ciclo produtivo, com potencial de recuperação.

Algumas iniciativas, fizeram com que os resultados fossem animadores em alguns setores da reciclagem, como por exemplo, a reciclagem de latas.

O Projeto Recicla Sapucaí que aconteceu no período de carnaval deste ano, foi reconhecido como a maior ação de reciclagem de latas de alumínio do mundo, sendo que os desfiles das escolas de samba da Série Ouro e do Grupo Especial e a estimativa de coleta para o evento somou cerca de 10 toneladas de latas recolhidas, dado que entrou para o Guinness World Records, conhecido como Livro dos Recordes.

Com o crescimento da reciclagem das latas de alumínio, o Brasil passa a ser uma referência em economia circular, além de contribuir para a descarbonização e a injeção de bilhões de reais para a economia do país.  

Quais são as tendências da reciclagem para 2023

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Foto: Reprodução/Pexels

É importante destacar a importância da legislação para a mudança de cenário, isso porque o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PLANARES), instituído por meio do Decreto Nº 11.043, de 13 de abril de 2022, visa o aperfeiçoamento do setor, além de fomentar a injeção de investimentos privados na reciclagem de produtos e embalagens descartados pelo consumidor.

Lembrando que a legislação ainda prevê o fim definitivo dos lixões, como também prevê o aumento da recuperação de resíduos para cerca de 50% em 20 anos.

Com isso, metade do lixo gerado deixa de ir para o aterro e passa a ser reaproveitado por meio da reciclagem, compostagem, biodigestão e recuperação energética.

Porém, ainda há muito trabalho para ser desenvolvido para que o cenário melhore, porque mesmo com tantos avanços, o Brasil ainda ocupa a lanterna do ranking de países que mais reciclam, o que significa que o país precisa avançar quando o assunto é a reciclagem.

Conhecida como uma atividade imprescindível à economia circular e sustentabilidade do planeta, muitas medidas de incentivo a reciclagem estão sendo implantadas e idealizadas ano após ano.

O primeiro passo rumo à economia circular começa em casa, quando se separa os resíduos e assim o planeta agradece.

Porém, quais são as tendências para 2023?

Taxa do Poluidor Pagador

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Foto: Reprodução/Pexels

Imagine que, juntamente com a fatura da água, chegue uma Tarifa de Resíduos Sólidos Urbanos, ou seja, um valor para que seja assegurado a recolha, o transporte e o tratamento de resíduos sólidos.

Esta tendência já é uma realidade em Portugal, implementando em alguns municípios o sistema Pay-As-You-Throw (PAYT)

Esse sistema faz parte do principio do poluidor-pagador, em que quanto mais lixo indiferenciado o cidadão produzir, mais pagará a Taxa de Resíduos Sólidos, ou seja, quanto mais separar o lixo menos paga de taxa.

Mais embalagens feitas de material reciclado

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Foto: Reprodução/Pexels

Cada vez mais as marcas utilizam material reciclado para produzir novas embalagens.

Um exemplo disso, são as embalagens de base biológica, como madeira e bambu, pois são produzidos a partir de recursos renováveis que podem ser facilmente reabastecidos por culturas agrícolas e rotações de colheita.

Além desses materiais causarem menor impacto para o planeta, esses tipos de materiais duram muito mais tempo, além de possuir a mesma qualidade e versatilidade dos outros materiais.

Receba vales de desconto em troca de garrafas de água e refrigerantes entregues para reciclagem

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Foto: Reprodução/Pexels

Uma tendência é o Sistema de Depósito com Reembolso, uma recompensa aos consumidores por entregar garrafas de bebidas em máquinas de reciclagem.

O objetivo é incentivar práticas sustentáveis para que o material recolhido seja reciclado e incorporado como matéria-prima na produção de novos produtos.

Portugal passou por essa experiência em 2020 e foi um sucesso. No caso do país, 23 máquinas de recolha automática foram colocadas em alguns estabelecimentos comerciais, o que contribuiu para a reciclagem de mais de 15 milhões de garrafas.

Serviço de porta em porta

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Foto: Reprodução/Pexels

Em alguns locais do mundo, os serviços municipais fazem a coleta desses resíduos sem a necessidade do cidadão sair de casa e se deslocar até os ecopontos da rua.

Esse serviço acontece de porta em porta, de forma que garante comodidade das pessoas.

Nesse serviço de coleta, basta apenas que a pessoa confirme se a zona de residência possui esse serviço, se inscreva no site da autarquia que atua no município e tenha conhecimento dos dias em que deve colocar os seus resíduos em frente a sua porta de casa para que seja recolhido pelo serviço de coleta.

Alguns países já aderiram a implementação desse sistema.

Fontes:

Reciclagem no Brasil

Reciclagem no mundo

Casa Civil

Press Releases

Carnaval do RJ entra para o Guiness Book com o Maior Evento de Reciclagem do Mundo

CEMPRE

Reciclagem de latas de alumínio no Brasil evita a emissão de 15 milhões de toneladas de gases de efeito estufa

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