Esta façanha é um marco na exploração do manto terrestre e promete revelar informações valiosas sobre sua estrutura e composição, de acordo com os pesquisadores.
Pela primeira vez na história, os cientistas conseguiram extrair rochas do manto da Terra usando uma janela tectônica no oceano.
O manto, situado entre o núcleo e a crosta, tem-se mostrado impenetrável mesmo com os instrumentos mais avançados, e só conhecemos a composição dos seus minerais através das rochas que são expelidas por alguns processos geológicos, como por exemplo, as erupções vulcânicas.
Crosta Terrestre
A crosta é porção externa da Terra, a mais delgada de suas camadas e a que conhecemos melhor. Ela é tão fina em relação ao restante do planeta que pode ser comparada à casca de uma maçã em relação à maçã inteira.
Sua espessura é variável, sendo maior onde há grandes montanhas e menor nas fossas oceânicas. Sob os oceanos, a crosta costuma ter cerca de 7 km de espessura; sob os continentes, ela chega a 40 km em média. As espessuras extremas estão em 5 e 70 quilômetros.
Está dividida em crosta continental e crosta oceânica, com composições diversas e além disso, espessuras diferentes.
Rochas expostas
No entanto, embora os pesquisadores tenham extraído amostras do manto da Terra, eles não chegaram ao manto central.
Nesse local, as rochas do manto foram empurradas para perto da superfície à medida que o fundo do oceano se separa lentamente na Cordilheira Mesoatlântica.
A nova expedição usa uma embarcação de perfuração oceânica chamada JOIDES Resolution.
Em 1º de maio, a expedição começou a perfurar o buraco, no fundo do mar do Atlântico Norte, conhecido como U1601C.
O buraco tem mais de 4.100 pés de profundidade, e assim, o co-cientista-chefe da expedição, Andrew McCaig e sua equipe conseguiram superar o recorde de perfuração em rocha do manto, estabelecido na década de 1990, que foi de apenas um décimo de milha.
Os pesquisadores esperavam recuperar amostras suficientes para dessa forma, ajudar a elucidar como as reações químicas entre as rochas do manto e a água poderiam ter dado origem à vida em nosso planeta.
Amostras cilíndricas de 200°C de temperatura
Da escavação, os geólogos do IODP conseguiram extrair pedaços de um material escuro em forma de tubos ou cápsulas.
Essas amostras cilíndricas tinham temperatura acima de 200°C, um quilômetro de comprimento e uma cor entre o cinza e o verde.
Na análise preliminar, a bordo do navio, os cientistas acreditam que se tratam de espécimes rochosos compostos principalmente por peridotito, o tipo de rocha mais comum no manto superior.
As rochas também continham amianto, motivo pelo qual seu manuseamento foi realizado sob determinados protocolos de segurança, de acordo com os pesquisadores, devido ao risco de cancêr.
“Isso continuou indo mais fundo, mais fundo e mais fundo. Então todos na festa da ciência disseram: ‘Ei, isso é o que queríamos o tempo todo. Desde 1960, queríamos fazer um buraco tão profundo na rocha do manto’”, disse McCaig, falando do JOIDES Resolution minutos antes de outra longa seção de rocha escura ser puxada a bordo.
Quando a equipe parou de perfurar em 2 de junho, haviam coletado amostras de rochas de até 4.157 pés abaixo do fundo do mar.
Os cientistas em terra têm acompanhado ansiosamente a expedição, antecipando um grande número de dados que abrirão uma nova janela para as profundezas da Terra e assim alimentarão anos de pesquisa.
“Estamos muito entusiasmados com o que eles têm – uma incrível coleção de rochas”, disse Andrew Fisher, um hidrogeólogo da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, que aconselha um estudante de pós-graduação que está a bordo do navio e tem monitorando seu progresso remotamente.