A inovação mexicana está liderando o mundo para transformar todos os plásticos em combustíveis sintéticos de nova geração.
A poluição por resíduos plásticos é uma das maiores preocupações das nações. O novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, garante ser possível eliminar em 80% a poluição plástica nos oceanos com medidas acertadas entre os setores público e privado.
No documento, “Fechando a Torneira: Como o mundo pode acabar com a poluição plástica e criar uma economia circular”, a agência da ONU pede três mudanças de comportamento no mercado: reutilização, reciclagem, reorientação e além disso, a diversificação dos produtos.
Valorização do resíduo
No México, parte dos resíduos plásticos já tem solução, com a valorização e reaproveitamento do resíduo. Isso se deve a uma tecnologia já patenteada, que transforma resíduos plásticos em combustível.
A equipe de redação do Portal Sustentabilidade conversou com a PETGAS e conheceu um pouco mais sobre essa inovação.
A PETGAS uma empresa 100% mexicana, desenvolveu a tecnologia que transformam todos os resíduos plásticos (tipos de plástico 1 a 7) em combustíveis não fósseis de última geração.
O processo foi desenvolvido pelo engenheiro mexicano Edgar Padilla Rodríguez que tem como desafio pessoal “Desplastificar” os ecossistemas bem como transformar o plástico em energia limpa.
Após vários anos de pesquisa e experimentação, em 2020 conseguiu obter a patente.
Assim, graças à sua engenhosidade, e criatividade criou a patente de “Transformação Não Catalítica de Polímeros Plásticos em Combustíveis”, que resulta na transformação e aproveitamento de resíduos plásticos em cinco tipos de combustíveis.
Etapas do Processo da transformação
Estágio 1 – Pré-Transformação
Nesta fase, todos os resíduos plásticos do lixo, do mar, da rua ou de qualquer um dos lugares onde há um problema ambiental devido à poluição plástica, são triturados e transformados em microplásticos.
Nesta fase, os microplásticos aumentam a capacidade volumétrica dentro dos reatores.
Estágio 2: Transformação
Na segunda etapa, já com os plásticos triturados, os reatores da Usina de Transformação PETGAS estão carregados.
Atualmente existem plantas já instaladas e em construção em diferentes partes do mundo como por exemplo nos Estados Unidos, Guatemala, Equador, Espanha, Colômbia, Chile, Emirados Árabes Unidos, México, que recuperam todos os dias aproximadamente 35.000 quilos de plástico.
Os reatores da Usina de Transformação PETGAS são responsáveis por processar os plásticos em seu estado sólido, para modificá-los com calor, vibração e o que eles chamam de “receita secreta”.
O processo chama-se “pirólise não catalítica”. De acordo com a empresa, ele não emite poluentes porque os reatores são hermeticamente fechados, sem oxigênio.
Assim, o plástico não é queimado. A única coisa que se vê saindo do reator são as ondas de calor, já que o reator é levado a temperaturas muito altas.
Estágio 3 – Produção de combustível
De acordo com a PETGAS, aproximadamente 10 horas após encher os reatores e iniciar o processo, finalmente se obtém combustíveis de última geração simultaneamente e na mesma produção:
- Gasolina- Octanagem 102
- Diesel – ultra baixo teor de enxofre
- Querosene
- Parafina
- Gás butano/propano
E por último o resíduo, chamado de “coque”. Atualmente o coque é uma alternativa ao uso do carvão mineral. Ele é composto basicamente de carbono, hidrogênio, nitrogênio, enxofre, cloretos e oxigênio. Na queima do coque em alto forno há a liberação de enxofre e nitrogênio que podem ser canalizados para movimentar turbinas gerando assim, energia elétrica.
Assim, a PETGAS garante que seu processo não tem desperdício, nem materiais não utilizados, além do fato de os reatores serem aquecidos com gás butano/propano, que é gerado pela usina, o que a torna autossuficiente e sustentável.
Combustíveis de qualidade
Todos os combustíveis PETGAS estão prontos para uso, e não precisam ser refinados ou aprimorados para uso em carros, caminhões, barcos ou qualquer veículo/objeto que requeira seu uso.
De acordo com a empresa, a qualidade dos combustíveis é superior à dos combustíveis fósseis tradicionais, pois são provenientes do refino do petróleo (plástico), e assim tornam-se fontes de energia mais limpas, sem metais pesados, e ultra baixo teor de enxofre.
Isso significa que ao fazer combustão em um carro, por exemplo, terá melhor desempenho e menos emissão de poluentes no meio ambiente, o equivalente a aproximadamente 30 a 35% menos emissões do que o combustível fóssil.
Além disso, o combustível contribui para reduzir as emissões ao mesmo tempo que o plástico desaparece, e aponta os seguintes resultados:
- Cada tonelada de plástico transformando, evita-se a emissão de 1,5 tonelada de CO2 para a atmosfera;
- A cada 1 litro de PETGAS diesel e gasolina utilizados, 2,6 KG de CO2 são evitados na atmosfera, além da redução significativa de NOX.
Estágio 4 – Pós Transformação
Nesta última etapa, os combustíveis produzidos são distribuídos ao consumidor final, atualmente são negociados business to business, ou seja, são vendidos diretamente para as empresas.
Atualmente, a PETGAS possui uma planta com capacidade para processar 50 quilos por ciclo, embora a meta seja chegar a 12 toneladas por dia.
A empresa pretende abrir um posto para o segundo semestre de 2023 em Quintana Roo.
No entanto, seu objetivo não é competir com os postos comerciais, mas atender a demanda de até 10% da frota de veículos, de acordo com a PETGAS.
De acordo com um estudo publicado na revista Science Advances, dos bilhões de toneladas métricas de plástico que foram geradas ao longo das décadas, apenas 9% foram reciclados.
Com informações de Licenciado Diego Escoto Yunes – Subdiretor de Relacionamento da PETGAS México com exclusividade para o Portal Sustentabilidade.