O Laura Maersk é o primeiro navio porta-contêineres a funcionar inteiramente com metanol verde.
O primeiro navio porta-contêineres operado com metanol do mundo foi batizado na Dinamarca, no último dia 14, pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O Laura Maersk, batizado em homenagem à empresa dinamarquesa que o possui, é o primeiro navio porta-contêineres a funcionar inteiramente com metanol verde, de acordo com a Maersk.
Marco para o setor
É um marco promissor para a indústria naval internacional, que produz cerca de 3% das emissões de gases com efeito de estufa e espera atingir zero emissões líquidas até 2050, de acordo com Ursula von der Leyen.
“Este navio, neste momento, encarna a decisão da Europa de ser pioneiro na luta contra as alterações climáticas”, disse von der Leyen durante a cerimónia de nomeação em Copenhaga.
“Quando assumi o cargo, há alguns anos, a ideia de um setor de transporte marítimo líquido zero não passava de um sonho”, disse ela, elogiando a Maersk por aproveitar a oportunidade proporcionada pelo Acordo Verde Europeu e outros fatores, “com a famosa visão dinamarquesa. ”
O barco azul-celeste de 172 metros de comprimento é o primeiro de 25 navios movidos a metanol encomendados pela Maersk e com partida prevista para 2030.
Isto irá poupar 2,75 milhões de toneladas de CO2 por ano, disse von der Leyen.
Além disso, na Dinamarca, estão produzindo combustível sustentável utilizando energia solar.
O que é metanol verde?
O metanol é um líquido incolor que pode ser usado como fonte de combustível para motores. Ele é designado como verde quando fabricado a partir de fontes de baixo carbono, como hidrogênio ou biomassa.
Comparado aos combustíveis convencionais, como a gasolina ou o diesel , o metanol verde pode reduzir as emissões de CO2 entre 60 e 95 por cento, de acordo com dados do Instituto do Metanol.
Da mesma forma, possui menor teor de enxofre, reduzindo as emissões de óxidos de enxofre que contribuem para a poluição do ar e a chuva ácida.
Apesar dos seus benefícios ambientais, o Fórum Económico Mundial (WEF) observa que tem um problema de custos, com preços de produção ainda mais elevados do que o metanol produzido a partir de combustíveis fósseis.
Mercado em crescimento
A produção de metanol verde continua baixa, com menos de 0,2 milhões de toneladas produzidas anualmente, contra 98 milhões de toneladas de metanol convencional produzido a partir de combustíveis fósseis , de acordo com dados da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA).
Entretanto, o mercado está em crescimento, com cada vez mais países e indústrias a reconhecerem o seu potencial.
Além do investimento do setor marítimo no combustível verde, a China começou a utilizá-lo em autocarros bem como em veículos pesados.
A Maersk e o grupo industrial dinamarquês ao qual pertence, AP Moller, também estão a duplicar a aposta no metanol verde.
Eles formaram uma nova empresa, a C2X, para produzir metanol limpo e têm como meta uma produção anual de mais de três milhões de toneladas até 2030.
Projetos de metanol verde em grande escala, incluindo no porto espanhol de Huelva e perto do Canal de Suez, no Egito, ajudarão a atingir este objetivo.
Transição energética
Em seu discurso cerimonial, von der Leyen também destacou o papel do hidrogênio limpo na transição energética da Europa.
“Até 2030 pretendemos produzir e importar 20 milhões de toneladas de hidrogénio renovável todos os anos na UE”, disse ela.
De acordo com a Maersk o navio gigante permanecerá na área de Toldboden, no porto de Copenhaga, por mais uma semana e proporcionará “experiência operacional real” aos marítimos da empresa que manuseiam novos motores e utilizam metanol verde como combustível.
“Ao descarbonizarmos com sucesso o transporte marítimo , não estamos apenas a promover a nossa luta contra as alterações climáticas, estamos também a criar novas cadeias de abastecimento, novas indústrias e da mesma forma, milhares de novos bons empregos”, disse von der Leyen durante a cerimónia de nomeação.
Fonte: Euronews
