Amônia Verde: Usina-escola no RS vai produzir substância com potencial de substituir a ureia na agricultura

amônia verde

A parceria entre a Universidade de Passo Fundo (UPF) e a Begreen, com investimento de R$ 50 milhões para implantação de uma usina-escola, prevista para julho de 2025 para produzir amônia verde.

Uma usina-escola em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, vai poder produzir 2 mil toneladas anuais de amônia verde com potencial para substituir o uso da ureia na agricultura.

A amônia verde é um insumo nitrogenado, mas feito a partir de água, ar e energia renovável até o final de 2025.

Por ser líquida, a amônia verde pode ser aplicada diretamente no solo ou na folha.

Redução de custos na produção

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Foto: Reprodução/Pexels

Embora o número pareça pequeno – afinal, no futuro, indústrias globais são capazes de gerar 200 mil toneladas do produto – a estratégia é tirar do papel uma produção que, em teoria, custa caro para ter escala industrial.

O adubo, feito a partir da extração do hidrogênio da água, que é misturado ao nitrogênio, pode substituir a ureia, um dos mais caros e usados insumos no país.

A parceria entre a Universidade de Passo Fundo (UPF) e a Begreen, com investimento de R$ 50 milhões para implantação de uma usina-escola, prevista para julho de 2025 para produzir amônia verde.

A fábrica , que fará parte da instituição de ensino, ocupará seis hectares e terá capacidade para abastecer 33 mil hectares.

A amônia, matéria-prima de nutrientes agrícolas como ureia e nitrato de amônio, é obtida a partir de um processo que consome muita energia e gera grandes volumes de gases do efeito estufa.

Porém, a amônia verde permite obter o insumo a partir do hidrogênio da água, em um processo chamado de eletrólise. Após a conclusão do processo, é possível extrair a amônia100% neutra.

Para cada tonelada de amônia proveniente do petróleo e do carvão, em média, há duas toneladas de CO2 enviadas à atmosfera, enquanto a verde não envia nenhum gás à atmosfera e pode ser uma alternativa para substituir a base de fertilizantes nitrogenados no Brasil, como a ureia, que apresentou alta nos preços devido à demanda brasileira e indiana.

O valor oscilou na primeira quinzena de setembro entre US$ 390 e US$ 410, de acordo com um relatório da consultoria Acerto.

Minimizar a dependência externa

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Foto: Reprodução/Pexels

Acompanhando o mercado, Luiz Paulo Hauth, idealizador do projeto e presidente da Phama Energias Renováveis afirma que, ao sair do papel, a produção gaúcha pode dar um ponta pé na dependência do Brasil de importação deste tipo de adubo.

De janeiro a agosto deste ano, o Rio Grande do Sul importou 17,2% de fertilizantes, o estado que mais comprou adubo, incluindo os derivados de amônia.

Foram cerca de US$ 1,4 bilhão gastos com este tipo de produto no RS, enquanto o país ultrapassou a marca de US$ 9,5 bilhões.

Para Hauth, esta dependência é um dos principais motivos para investir em amônia verde, que pode oferecer maior previsibilidade de custos ao produtor, além de selo de sustentabilidade que agrega valor às cadeias produtivas na hora de exportar.

Foram as recentes dificuldades enfrentadas pelos produtores gaúchos diante da imprevisibilidade climática e dos custos para manter as lavouras que mudaram o foco do projeto para a amônia verde, que pode ser benéfica para a agricultura do Estado.

De um lado, a universidade enxergou uma oportunidade de desenvolver a inovação científica e uma parceria para escalonar o trabalho dos alunos e dos pesquisadores.

De outro, a indústria descentraliza a produção com o auxílio acadêmico e ajuda na capacitação de novos profissionais para trabalhar com um “adubo do futuro”, como destacou Hauth e a reitora da UPF, Bernadete Maria Dalmolin.

Projeto modelo

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Foto: Reprodução/Pexels

Hauth destaca que o fato do projeto ser de pequeno porte – e usar apenas energia hídrica e solar – faz dele um modelo para ser replicado em outras regiões do país.

Em 2022, o uso do produto rendeu 20% a mais de produtividade do cereal em uma área experimental de 36 metros quadrados. Neste ano, as provas foram expandidas para um hectare e os resultados já ultrapassaram os 20%, mesmo antes do fim da safra, estimado para novembro.

A ideia é que sejam testadas várias formulações, dosagens, além da aplicação em culturas diferentes, promovendo estudos para entender o real potencial de fertilizantes nitrogenados em solos brasileiros.

Nos testes, foram aplicados 200 kg de amônia por hectare, mas a expectativa é de redução antes de lançar o produto no mercado. Ainda não há uma projeção de preço, mas o executivo garante a competitividade de mercado em relação às variedades do adubo nitrogenado que são químicas, especialmente a ureia.

“Hoje, mais de 85% dos fertilizantes são importados no Brasil. Então, produzir o fertilizante nitrogenado localmente também é uma forma de regionalização da descarbonização da cadeia. Para se ter uma ideia, cerca de 2% do gás carbônico, no mundo, é gerado para produzir amônia”, afirmou o idealizador.

O próximo passo da parceria será produzir diferentes fertilizantes a partir da amônia, de acordo com às características do solo e das culturas em questão.

Fonte: Globo Rural

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