Resíduos Eletrônicos: Brasil exporta componentes valiosos para retirada de minerais

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Projeto vai mapear as rotas de circularidades na gestão dos resíduos eletrônicos.

O Brasil é o segundo país em volume de geração de resíduos eletrônicos nas Américas e o quinto no mundo.

E além do prejuízo ambiental, o descarte irregular de eletrônicos também gera prejuízos econômicos.

De peças, partes e componentes que compõem os aparelhos eletrônicos, podem ser retirados minerais valiosos, como ouro, platina,cobre e alumínio, contribuindo para uma economia circular e sustentável.

Para mapear as rotas de circularidade na gestão dos resíduos eletrônicos e seus gargalos no Brasil, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação contratou o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) para realizar o Projeto Recupere, que deve começar os trabalhos em janeiro e é uma das ações do documento propositivo do VI Simpósio Internacional sobre Resíduos Eletrônicos (VI SIREE), que aconteceu em outubro, no Rio de Janeiro e reuniu mais de 40 palestrantes de todo o mundo.

Implementar a logística reversa

resíduos eletrônicos
Foto: Reprodução/Pexels

De acordo com a pesquisadora do CETEM, Lúcia Xavier, as placas de circuito impresso são retiradas de notebooks, laptops, desktops, smartphones e são exportados.

O Brasil é um grande exportador de placas de circuito impresso, de onde se retira principalmente ouro.

Na Europa, paga-se mais por essas placas, por conta da economia de escala. Chegam volumes maiores lá, porque essas unidades internacionais recebem de todo o mundo.

“Ainda não temos no Brasil, uma logística reversa implementada de forma ampla para recolher produtos pós-consumo desde o consumidor e recuperar esse material “, explica a pesquisadora.

O Projeto Recupere, que deve ter duração de dois anos, está reunindo grandes pesquisadores brasileiros.

“Nós já temos alguns números, como o da geração de resíduos eletrônicos, que estima-se que pode chegar a 3 mil toneladas anuais. Sabemos também que 85,8% dos brasileiros têm algum eletrônico parado em casa e não sabem como descartar. Temos tecnologia, processos e indústrias que podem trabalhar nessa recuperação. É preciso identificar o motivo do Brasil estar desperdiçando esse material”, relata Lúcia.

Processos otimizados

logística reversa
Foto: Reprodução/Pexels

Pontos de coleta e processos compactos, especializados, distribuídos pelo Brasil seriam a solução, de acordo com o estudo.

Um levantamento vem sendo realizado desde 2021, e mapeou mais de 480 indústrias que atuam na cadeia de valor dos resíduos eletrônicos no Brasil.

46% delas estão no estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná têm cada um 9% das empresas, em Minas Gerais estão 7% delas e Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 6% cada. A maioria dos estados tem apenas uma empresa recicladora de resíduos eletrônicos.

De acordo com pesquisas anteriores, considerando a estimativa dos materiais presentes nos resíduos de eletrônicos, cerca de 1,23 mil toneladas de metais e 307 mil toneladas de plásticos poderiam ser recuperados, a partir dos cálculos referente ao ano-base de 2018 no Brasil.

São valores expressivos e que exigem um sistema integrado de coleta, classificação e triagem para a recuperação e reinserção dos materiais nas cadeias produtivas. Um dos problemas pode estar na logística, no caminho entre o consumidor e a unidade fabril.

“Já trabalhamos isso em artigos científicos. A solução pode estar em unidades-piloto, trabalhando com quantidades pequenas para validar uma rota tecnológica de recuperação de metais. Nesse processo não há necessidade de uma usina, uma grande fábrica de processamento, mas várias unidades pilotos distribuídas pelo país. Nenhum outro país já fez isso, mas o Brasil já está caminhando nesse sentido. Então, tem pontos de coleta e pré-processamento que estão avançando nessas etapas de recuperação de metais e depois, é finalizado em um complexo maior”, explica Lúcia.

Por: Lúcia Xavier – Pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM)

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