A ampla funcionalidade das soluções verdes integradas foi comprovada em Curitiba.
Para além dos piscinões, reservatórios que captam o excesso de água das chuvas nos bairros, existem soluções urbanísticas multifuncionais e integradas ao meio ambiente que as cidades podem adotar para evitar os alagamentos que acontecem com bastante frequência na estação chuvosa, entre outubro a março, no Brasil.
Os sistemas integrados de drenagem de água com jardins, canteiros de chuva, parques e lagoas artificiais são alguns exemplos para se resolver a questão do escoamento de chuva e, ao mesmo tempo, importantes para se entregar um equipamento de lazer para a comunidade.
A ampla funcionalidade das soluções verdes integradas foi comprovada em Curitiba.
Sistema de drenagem
No final de outubro, a capital paranaense foi castigada por fortes chuvas e o Parque Barigui (um dos cartões-postais da cidade) foi severamente atingido pela enchente.
Mas o sistema de drenagem do Barigui foi projetado para receber o excesso de água do rio de mesmo nome e evitar o fluxo para as áreas residenciais.
Por isso, alguns dias depois da enchente, o local estava praticamente “recuperado” e voltando a receber pessoas.
Cidade-esponja
Outros parques curitibanos também foram projetados em áreas estratégicas para receber o excedente de água das chuvas.
A solução curitibana está dentro do conceito de “cidade-esponja”, que consiste no uso de equipamentos verdes, como jardins e canteiros que cumprem a função de micro drenagem da água, e parques com lagoas para formar o ecossistema de macrodrenagem, que atuam como canalizadores da água excedente da chuva.
Todo o sistema é um mosaico verde, que atua com macro e micro drenagem integrados à paisagem. E a multifuncionalidade se reflete na melhora da saúde preventiva e qualidade de vida da população.
Então, pensar em uma solução verde integrada cria resultados multifuncionais.
Meio ambiente
A diferença entre um piscinão de concreto enterrado e um parque aberto para as pessoas é poder oferecer uma solução funcional que proporciona lazer e integração ambiental gastando muito menos.
O investimento em um sistema de drenagem integrado é infinitamente menor.
Novas infraestruturas verdes podem ser construídas em bairros prontos. As soluções sustentáveis também devem estar vinculadas ao bioma local. Em um projeto verde integrado, pode-se incluir uma ou outra planta exótica, mas é importante que a flora seja do bioma local para ser resiliente e permitir que pássaros e outros animais coexistam e circulem melhor.
Por: Felipe Guerra e Débora Ciociola – arquitetos do Jaime Lerner Arquitetos Associados (JLAA).
Sobre Felipe Guerra
Felipe Guerra é sócio da Jaime Lerner Arquitetos Associados. É arquiteto e urbanista formado pela Universidade Positivo, além de cenógrafo, diretor de arte, carnavalesco e designer de joias. Possui experiência em concepção, desenvolvimento e implementação de projetos em escalas que vão do urbano ao design.
Sobre Débora Ciociola
Débora Ciociola é arquiteta sênior da Jaime Lerner Arquitetos Associados. É arquiteta e urbanista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, mestra em Leisure, Tourism and Environments pela WUR-Holanda e Doutoranda em Gestão Urbana na PUC-Paraná. Integrou a equipe técnica do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba – IPPUC por oito anos.
Desde 2010 na JLAA, participa da criação e coordenação de projetos em diversas escalas e localidades, especialmente desenvolvimento e desenho urbano, arquitetura e paisagismo e bairros planejados. É urban sketcher e aquarelista.