O evento destacou a diversidade de abordagens sustentáveis no tratamento de resíduos, oferecendo insights sobre compostagem, logística reversa e transformação de resíduos industriais.
No segundo dia do I Congresso Brasileiro Digital de Gerenciamento de Resíduos, transmitido em 27 de fevereiro pelo Portal Sustentabilidade, explorou-se a transformação de resíduos em subprodutos e matéria-prima.
O enfoque recaiu sobre práticas inovadoras, especialmente na gestão de resíduos orgânicos, exemplificadas por empresas que utilizam a compostagem.
Uma oportunidade valiosa para compreender as operações e tecnologias implementadas por diferentes organizações, este dia do congresso revelou insights essenciais sobre a abordagem moderna ao gerenciamento de resíduos.
Dia 2
Painel 4 – Resíduos Orgânicos
Participaram desse painel:
- Marcelle Alcoforado – Coordenadora Ambiental da VIDEVERDE COMPOSTAGEM
- Marco Rangel – Diretor da VIDEVERDE COMPOSTAGEM
- Bruno Multedo – Cofounder e CEO da LET’S FLY
- Diego Flores – Diretor de Biotecnologia da LET’S FLY
Este painel destacou a significativa importância dos resíduos orgânicos na criação de novos produtos, por meio de uma tecnologia crucial para mitigar os gases de efeito estufa.
A prática da compostagem não apenas promove inovações substanciais, mas também desempenha um papel fundamental na segurança alimentar e na bioconversão.
Com a VIDEVERDE COMPOSTAGEM, aprendemos sobre o processo de compostagem e como valorizar e criar novos negócios com o adubo gerado no processo.
A característica distintiva da empresa reside no fato de que, além de realizar a compostagem, ela produz adubo em quantidade significativa, contribuindo para ter a maior plantação de coco do Rio de Janeiro.
Esse adubo é também utilizado no processo de compostagem para a produção de diversos outros alimentos.
A empresa opera um sistema de compostagem em grande escala, permitindo assim o processamento de uma variedade de resíduos que não seria possível em uma escala menor. Essa abordagem ampla facilita o tratamento eficaz de diversos tipos de resíduos.
Segundo o Diretor da empresa, Marco Rangel, a VIDEVERDE é primeira empresa de compostagem licenciado pelo INEA, do Rio de Janeiro.
Segundo Marcelle Alcoforado, Coordenadora Ambiental, a empresa trabalha com o Método Windrow de Compostagem, conhecido também como leiras reviradas.
Este método consiste em acondicionar a mistura de resíduos em leiras e revirá-las periodicamente para garantir a presença de oxigênio, fundamental para que o processo ocorra de forma correta.
Da mesma forma que a Videverde se dedica ao tratamento de resíduos orgânicos, a LET’S FLY também utiliza esses resíduos, embora com o propósito de produzir alimentos por meio de um processo inovador de bioconversão. Esse método apresenta potencial para contribuir significativamente para a segurança alimentar.
A bioconversão é o processo em que substâncias como fármacos, nutrientes, dejetos e toxinas dentro de um organismo, passam por reações químicas, geralmente mediadas por enzimas, que o convertem em um composto diferente do originalmente administrado.
No caso da LET’S FLY, as larvas da Mosca Soldado Negro (BSF) passam a ser uma alternativa promissora para dois desafios globais recentes, a gestão de resíduos orgânicos e a procura por fontes de alimentação mais sustentáveis.
De acordo com Bruno Multedo, Cofounder e CEO da LET’S FLY, a ideia é justamente apostar na propriedade nutricional de uma mosca presente no mundo todo, cuja proteína poderia alimentar facilmente os quase 8 bilhões de seres humanos ou até mesmo os animais.
O Diretor de Biotecnologia da LET’S FLY, Diego Flores nos explica que A LET’S FLY é uma startup brasileira focada na regeneração ecológica e produção de alimentos altamente nutritivos de um jeito inovador, transformando restos de comida em novos alimentos: Farinha de proteína e óleo para alimentação animal e o Fras (biofertilizante para agricultura).
Considerando as informações compartilhadas pelos especialistas, obtivemos as seguintes conclusões:
- Marcelle Alcoforado: Aprendemos o que é o processo de compostagem e o método Windrow de Compostagem
- Marco Rangel: Aprendemos como a compostagem contribui para a produção de um composto orgânico que é capaz de devolver os nutrientes do solo e promover plantios mais saudáveis e de forma natural.
- Bruno Multedo: Aprendemos que ninguém vai conseguir fazer nada sozinho, é preciso necessariamente fazer isso em comunidade, em rede, em pessoas que pensem e que vibrem com as mesmas propostas de construir um mundo melhor.
- Diego Flores: Aprendemos como funciona o processo de bioconversão e como a bioconversão pode contribuir para a segurança alimentar.
De acordo com Bruno Multedo, a Videverde é a provedora dos resíduos orgânicos utilizados pela LET’S FLY.
Dessa forma, a Videverde mantém seu modelo de coleta de resíduos orgânicos em estabelecimentos como restaurantes, hospitais, aeroportos, shopping centers e fábricas, com uma parcela desse material sendo direcionada para a LET’S FLY.
Painel 5 – Logística Reversa de OLUC – Óleo Lubrificante Usado e Contaminado
Participaram desse painel:
- Marcelo Murad: Diretor de Óleos Básicos da Lwart Soluções Ambientais;
- Aylla Kipper: Head de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Lwart Soluções Ambientais;
- Roberta Colleta: Head de Comunicação e Marketing da Lwart Soluções Ambientais.
O painel aborda a questão do óleo lubrificante usado e contaminado, um resíduo altamente perigoso, destacando a perspectiva de considerá-lo não apenas como um problema, mas como uma oportunidade e solução. Evidencia como esse resíduo pode ser tratado e reciclado de maneira adequada, permitindo seu retorno ao mercado na forma de produtos industriais, agrícolas, automotivos e elétricos.
Com a Lwart Soluções Ambientais, compreendemos o processo de transformação do óleo lubrificante usado e contaminado (OLUC) em diversos subprodutos. O Diretor de Óleos Básicos da Lwart, Marcelo Murad, compartilhou detalhes sobre as etapas do processo de rerrefino, evidenciando a complexidade e a eficiência desse método.
Marcelo também nos mostrou a importância da destinação correta deste resíduo, pois o OLUC é um resíduo altamente poluente e de acordo com a NBR 10.004, se trata de um Resíduo Perigoso Classe I.
Aylla Kipper, Responsável por Relações Institucionais e Sustentabilidade na Lwart Soluções Ambientais, discutiu as legislações relacionadas à destinação de resíduos perigosos, enfatizando que o descarte inadequado, como no caso do OLUC, constitui um crime ambiental sujeito a penalidades. Portanto, é crucial garantir a correta destinação desses resíduos para evitar riscos legais e ambientais.
Roberta Colleta, responsável pela Comunicação e Marketing na Lwart Soluções Ambientais, enfatizou o compromisso da empresa em se dedicar a encontrar soluções utilizando tecnologias já existentes ou inovadoras para abordar desafios ambientais.
Roberta destacou a importância de uma parceria entre a sociedade e a empresa, reconhecendo a constante necessidade de soluções ambientais para cuidar do planeta. Ressaltou ainda que a Lwart está sempre atenta a novos resíduos e possibilidades de transformação, reforçando essa como a vocação da empresa.
Diante dos temas debatidos neste painel, podemos identificar os seguintes aprendizados:
- Marcelo Murad: Aprendemos como é feito o processo de rerrefino e as etapas que envolvem o processo.
- Aylla Kipper: Aprendemos que é preciso pensar nos resíduos que geramos, no pós-consumo, na vida útil daquele resíduo que colocamos no meio ambiente, pensar no futuro da sociedade, pois quanto mais resíduos sem soluções, estamos gerando mais impactos para as gerações futuras.
- Roberta Colleta: Aprendemos a conectar as áreas de negócio com as áreas de responsabilidades sociais, olhando as oportunidades e fazer coisas que ainda não foram feitas, de modo que faça a diferença.
Painel 6 – Transformando Resíduos em Matéria-Prima
Participaram desse painel:
- Willian Farias – CEO da 4FEEDSTOCK;
- Leandro Speckhahn – Analista de Gestão Ambiental da SCHULZ AUTOMOTIVA.
Este painel abordou a valorização dos resíduos industriais por meio da inovação, através de desenvolvimento de soluções criativas e eficazes para transformar esses tipos de resíduos em subprodutos ou matérias-primas.
Willian Farias, CEO da 4FEEDSTOCK, destacou a viabilidade de transformar os resíduos provenientes de processos industriais em novas matérias-primas. Para alcançar esse objetivo, enfatizou a importância de adotar uma abordagem circular, garantindo que esses resíduos recebam um destino adequado e uma destinação ambientalmente responsável.
Além disso, o especialista nos mostrou todas as etapas que esses resíduos passam para se transformar em um novo material e retomar o seu lugar no mercado de consumo.
Para reintegrar esse subproduto ou matéria-prima ao mercado, é essencial conduzir um estudo financeiro sobre o produto em desenvolvimento. Isso proporciona à indústria (cliente) uma base sólida para tomar decisões, colaborando com sua diretoria e gestores para uma compreensão clara do impacto econômico associado a esse subproduto ou matéria-prima em desenvolvimento.
Em relação a valorização de resíduos, para que eles retomem o seu lugar no mercado, é necessário que haja uma gestão de resíduos além do padrão e foi justamente o que o Analista de Gestão Ambiental da SCHULZ AUTOMOTIVA, Leandro Speckhahn nos mostrou, além de trazer cases de sucessos, como por exemplo, o que fazem com os resíduos orgânicos.
Leandro nos mostrou que, em números gerais, a Schulz gera uma média de 90.000 toneladas de resíduos anualmente e desse número, 60.000 toneladas são reutilizadas, recicladas para que suas peças sejam produzidas com esses materiais.
Adicionalmente, o especialista apresentou a metodologia definida pela Schulz para organizar, planejar suas ações e ser mais assertiva e ter mais celeridade para a valorização dos resíduos.
A respeito desse painel, foram adquiridos os seguintes aprendizados:
- Willian Farias: Aprendemos que é possível transformar os resíduos oriundos de processos indústrias em novas matérias-primas, desde que eles tenham um destino adequado e uma destinação que seja ambientalmente responsável.
- Leandro Speckhahn: Aprendemos que se transformarmos os resíduos industriais em novas matérias-primas, nós deixamos de extrair recursos naturais virgens da natureza e damos um destino ambientalmente mais sustentável para esses resíduos.
Gestão de resíduos na prática
No segundo dia do I Congresso Brasileiro Digital de Gerenciamento de Resíduos, foram exploradas inovações e práticas sustentáveis em diferentes áreas.
Destaques incluem a transformação de resíduos orgânicos em subprodutos valiosos, a logística reversa de óleo lubrificante usado e a valorização de resíduos industriais.
Empresas como VIDEVERDE e LET’S FLY apresentaram métodos como a compostagem e a bioconversão, demonstrando como resíduos orgânicos podem gerar adubo, alimentos sustentáveis e outros produtos.
No painel sobre óleo lubrificante usado, a Lwart Soluções Ambientais destacou a importância da destinação correta e alertou sobre implicações legais.
O último painel abordou a transformação de resíduos industriais em matéria-prima, apresentando casos da 4FEEDSTOCK e SCHULZ AUTOMOTIVA. Foi ressaltada a necessidade de uma gestão eficiente e estudos financeiros para viabilizar economicamente esses subprodutos.
O evento destacou a diversidade de abordagens sustentáveis no tratamento de resíduos, oferecendo insights sobre compostagem, logística reversa e transformação de resíduos industriais.
Por: Marco A. Monti – Gestor Ambiental