Se descartado de forma inadequada, a água resuduária pode ocasionar danos ambientais devido ao seu alto potencial poluidor.
A produção de lácteos gera efluentes com alta carga orgânica que contêm gorduras, proteínas, lactose e outros componentes provenientes do processamento do leite e precisam passar por tratamento prévio antes de serem lançados no meio ambiente, a fim de evitar impactos ambientais negativos.
Se descartado de forma inadequada, a água resuduária pode ocasionar danos ambientais devido ao seu alto potencial poluidor.
Dessa forma, torna-se necessária a adoção de um sistema de tratamento e assim evitar poluição de solos e corpos hídricos e atender a legislação.
No entanto, os métodos convencionais de tratamento de efluentes são, em sua grande maioria, onerosos, tanto em termos de implantação quanto de operação e manutenção.
Isso os torna impraticáveis para pequenas indústrias de laticínios, queijarias artesanais e pequenos produtores.
Por isso, é essencial buscar tecnologias que se adequem a essa realidade específica, garantindo eficiência no tratamento sem comprometer a viabilidade econômica da produção.
Sistemas alagados
Figura 1: Esquema representativo de um Sistema Alagado Construído
Os Sistemas Alagados Construídos (SACs), ou wetlands construídos, consiste em uma técnica de tratamento simples, eficiente e de baixo custo de manutenção, instalação e operação, se comparado aos sistemas convencionais.
O SAC é uma tecnologia de tratamento economicamente atrativa por possuírem baixos custos de implantação, operação/manutenção e elevada eficiência na remoção de poluentes.
Os SACs podem ser classificados em diferentes tipos de acordo com o fluxo do efluente, sendo: vertical e horizontal.
No caso do fluxo horizontal, conforme Saraiva et al. (2024), este pode ser subdividido em subsuperficial e superficial, conforme ilustrado na Figura 1.
Entre os componentes dos SACs, destacam-se os tanques, que são dimensionados com critérios técnicos e de engenharia, as plantas, que podem ser naturais de áreas alagadas (de fácil adaptação) ou outras como por exemplo os capins, e o material filtrante, que inclui areia, brita, tampinhas plásticas e garrafas PET. Conforme a Figura 1, a água residuária gerada em uma queijaria artesanal passa por um tratamento no SACs.
Além disso, os microrganismos desempenham um papel fundamental, aderindo ao material filtrante e às rizosferas das plantas, formando uma camada espessa chamada biofilme.
Efluentes de laticínios
Figura 2 – Sistema Alagado Construído de fluxo horizontal em uma queijaria artesanal de Minas Gerais
É importante destacar que o soro, subproduto da indústria de laticínios, embora ainda seja considerado um efluente, não deve ser misturado com os demais resíduos.
Além de possuir alta carga orgânica, o soro tem potencial para ser um coproduto valioso na elaboração de outros produtos com valor agregado.
Portanto, ao escolher o sistema mais adequado para cada situação, é fundamental considerar todos os aspectos envolvidos, incluindo o manejo adequado do soro para maximizar seu potencial de aproveitamento.
Os Sistemas Alagados Construídos podem ser excelentes opções para tratar efluentes de laticínios e queijarias, respondendo não apenas às necessidades de tratamento de resíduos, mas também destacando-se como modelos exemplares de práticas ambientais responsáveis.
Autores
Claudety Barbosa Saraiva- Pesquisadora/Professora do EPAMIG – ILCT , Isis Rodrigues Toledo Renhe – Pesquisadora/Professora do EPAMIG – ILCT , Edgard Henrique Oliveira Dias Pesquisador/Professor da UFJF, Mateus Pimentel de Matos Pesquisador/Professor da UFLA-MG, Clarice Coimbra Pinto – Bolsista BDCTI EPAMIG – ILCT, Liz Marques Souza Duque – Bolsista Iniciação Científica/CNPQ e Mariana Campos Lima – Bolsista Iniciação Científica FAPEMIG
