Serão selecionados candidatos de todo o Brasil para pesquisas com resíduos eletrônicos.
O Projeto Recupere, coordenado pelo Centro de Tecnologia Mineral – CETEM, que através da pesquisa, busca identificar e avaliar o potencial das rotas de circularidade na recuperação de materiais secundários resultantes da mineração urbana de resíduos eletroeletrônicos (REEE) no Brasil, está com inscrições abertas para bolsistas.
Os bolsistas participarão de atividades de coleta e análise de dados primários e secundários, incluindo a aplicação de questionários e realização de entrevistas, preferencialmente, na região na qual residem.
Simpósio de resíduos eletrônicos
O Projeto Recupere é uma das ações do documento propositivo do VI Simpósio Internacional sobre Resíduos Eletrônicos, que aconteceu em outubro, no Rio de Janeiro e reuniu mais de 40 palestrantes de todo o mundo.
A pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), Lúcia Xavier, esclarece que as placas de circuito impresso são removidas de uma ampla gama de dispositivos eletrônicos, incluindo notebooks, laptops, computadores desktops e smartphones, para serem exportadas.
O Brasil se destaca como um significativo exportador dessas placas, principalmente devido à presença de ouro nelas contido.
No entanto, Xavier aponta que na Europa, essas placas são mais valorizadas, devido à economia de escala que permite volumes maiores, uma vez que os centros de reciclagem internacionais recebem materiais de todo o mundo, enquanto no Brasil não há uma logística centralizada para recolher esses materiais diretamente dos consumidores e processá-los localmente.
Logística eficiente
A análise de Xavier revela uma disparidade significativa entre o valor atribuído às placas de circuito impresso no Brasil e na Europa.
Enquanto o Brasil se destaca como exportador desses materiais, a Europa paga mais por eles, aproveitando-se da economia de escala proporcionada pela concentração de volumes maiores de materiais recicláveis.
Esta diferença é atribuída à falta de uma infraestrutura logística eficiente no Brasil, que não permite a coleta direta e o processamento local desses materiais, ao contrário dos centros de reciclagem europeus, que recebem materiais de todo o mundo.
Diante desse panorama, a pesquisa de Lúcia Xavier destaca a necessidade de desenvolver estratégias logísticas mais eficientes no Brasil para a coleta e reciclagem de placas de circuito impresso. Isso não apenas aumentaria o valor agregado dos materiais no mercado interno, mas também reduziria a dependência do país como exportador de matérias-primas não processadas, promovendo um ciclo mais sustentável e lucrativo para a indústria de reciclagem de eletrônicos.
Vagas em todo país
O Projeto Recupere está reunindo grandes pesquisadores brasileiros.
“Nós já temos alguns números, como o da geração de resíduos eletrônicos, que pode chegar a 3 mil toneladas anuais. Sabemos também que 85,8% dos brasileiros têm algum eletrônico parado em casa e não sabem como descartar. Temos tecnologia, processos e indústrias que podem trabalhar nessa recuperação. É preciso identificar o motivo do Brasil estar desperdiçando esse material”, relata ela.
O projeto tem a duração de 12 meses, com possibilidade de prorrogação por mais 12 meses.
Há vagas para vários níveis de escolaridade, com bolsas que podem chegar a R$ 3.000,00 para 20 horas semanais para quem tem título de doutor.
Os interessados de todas as regiões do país devem enviar e-mail para: r3minare@cetem.gov.br até o dia 31 de março de 2024.
Com informações da Assessoria de Imprensa do Centro de Tecnologia Mineral – CETEM