Essas fibras operam dentro de um ciclo de vida de produto comercialmente viável, escalável e circular, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A indústria da moda vem passando por uma verdadeira revolução tecnológica, impulsionada pelo desenvolvimento científico em microeletrônica, ciência da computação e biotecnologia.
Desde a Revolução Industrial, que ocorreu no século XVIII, a indústria têxtil tem evoluído, mas agora avanços significativos podem ser vistos na criação de tecidos com propriedades nunca imaginadas.
Diante desse novo cenário e perfil de consumo, o profissional de criação deve contar com a colaboração de diversos especialistas, como cientistas, engenheiros, biólogos, entre outros, em busca de conhecimento, para explorar novos materiais e possibilidades, com o intuito de criar coleções funcionais, ou um tecido específico que influencie diretamente no conceito de uma coleção, ou marca.
Fibras de algas marinhas
Com o suporte da expertise do SENAI CETIQT essa realidade se torna possível. Thamires Pontes, Mestre em Têxtil e Moda, entusiasta de algas marinhas e biotecnologia, fundadora da PHYCOLABS, juntamente com o pesquisador da empresa, José Carlos Dutra, procurou a equipe do Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Biossintéticos e Fibras, do SENAI CETIQT, para uma parceria com o propósito de desenvolver fibras têxteis de base natural derivadas de macroalgas.
Essas fibras operam dentro de um ciclo de vida de produto comercialmente viável, escalável e circular, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
O avanço científico e tecnológico vem redefinindo o papel do vestuário na sociedade contemporânea ao permitir que a indústria atenda as demandas de produção de maneira mais ágil, com economia de matérias-primas e de energia, e flexibilização do processo produtivo.
Os consumidores, agora mais informados e exigentes, graças ao acesso à internet, não buscam apenas por estética, mas optam por funcionalidade, sustentabilidade e inovação.
Desafios ambientais
O cultivo de algas marinhas surge como uma alternativa promissora para enfrentar desafios ambientais. Além de crescerem rapidamente e não exigirem terras aráveis, pesticidas ou inseticidas, as algas marinhas absorvem mais gases de efeito estufa do que florestas terrestres.
“O ISI em Biossintéticos e Fibras entra no projeto com o intuito de desenvolver essas novas fibras para o mundo têxtil, devido à especialização de seus colaboradores e à infraestrutura tecnológica disponível. Tendo em vista o foco da empresa, voltado ao suporte à indústria nacional, no desenvolvimento e inovação de novos produtos, a instituição viu nesse projeto, cujo intuito era desenvolver novas fibras de algas marinhas via fiação a úmido, um potencial case de sucesso, tendo em vista o caráter disruptivo para a comunidade científica e para o mercado.”, declara Igor Soares, Consultor Pesquisador do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras e líder do projeto.
A iniciativa, apoiada pela EMBRAPII e Sebrae, busca não apenas inovar dentro do setor da moda, mas também escalar o cultivo de algas marinhas como foi feito com o do algodão, se tornando, assim, uma alternativa factível para substituir as fibras de origem petroquímica, o que contribui para uma moda mais limpa e sustentável.
Potencial de crescimento
Igor Soares afirma que, “hoje, o projeto se posiciona como um dos maiores cases já desenvolvidos pela plataforma e a Phycolabs possui todo o potencial necessário para posicionar o Brasil no mapa de mercado das fibras artificiais, podendo vir a se tornar uma das maiores marcas nacionais a influenciar o mundo da moda, tanto nacional quanto internacional.”
A visão predominante entre profissionais de moda e design sugere que o futuro está atrelado aos avanços têxteis, enquanto são desenvolvidas novas fibras e tecidos. Nesse contexto, funcionalidade e responsabilidade ambiental surgem como aspectos tão cruciais quanto a estética.
“Eu acredito que a natureza e a biologia vêm para mudar o futuro da moda. Hoje trabalhamos com as algas, mas também existem outras pesquisas com bactérias, fungos, microrganismos, e isso são novos materiais para que a gente possa ter essa moda sustentável e regenerativa”, finaliza Thamires Pontes.
Com informações do SENAI CETIQT