O novo modelo pode aumentar a liquidez do mercado, com a meta de fazer o giro atual do mercado crescer de 4,27 vezes, em 2022, para 10 vezes nos próximos anos.
A partir desta quinta-feira (21), o mercado livre de energia no Brasil terá uma nova plataforma para a comercialização de eletricidade.
Fruto de uma colaboração entre o Grupo EEX e a L4 Venture Builder, fundo associado à B3, a N5X será a primeira bolsa de energia do país.
Nesta fase inicial, a N5X padronizará os contratos do mercado livre de energia, que inclui comercializadoras, grandes consumidores e grandes geradores de eletricidade.
O objetivo é formalizar as transações de compra e venda de energia, facilitando as negociações.
Mercado financeiro de energia
Nos próximos dois anos, a meta é trazer para o Brasil os modelos de operação que o EEX, maior grupo de bolsas de energia do mundo, utiliza em outros países.
Isso inclui a introdução de instrumentos financeiros, como derivativos e contratos futuros, embora ainda dependa da regulação pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“Entendemos que a estrutura existente mundialmente de um mercado físico e um mercado financeiro faz sentido. Nosso objetivo é desenvolver esse mercado financeiro de energia no Brasil, que atualmente não existe”, explica Dri Barbosa, CEO da N5X.
Em 2023, 37% do consumo de energia elétrica do Brasil foi realizado no mercado livre, segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
Barbosa acredita que o novo modelo pode aumentar a liquidez do mercado, com a meta de fazer o giro atual do mercado crescer de 4,27 vezes, em 2022, para 10 vezes nos próximos anos.
No formato atual, 71% das negociações de energia no Brasil são bilaterais, com preços definidos livremente pelas partes. Barbosa espera que a bolsa traga maior transparência nos preços, resultando em redução de custos para os consumidores finais:
“A bolsa oferece transparência de preços, o que é extremamente importante. Isso deve reduzir o custo para o consumidor final”, acrescenta Barbosa.
Redução de custos
O lançamento da N5X conta com um portfólio inicial de mais de 160 empresas, incluindo grandes nomes da energia como Raízen e Copel, além de grandes consumidoras como Assaí Atacadista.
Instituições financeiras também estão registradas na plataforma como comercializadoras de energia. Todos os participantes do mercado habilitados pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) podem participar da bolsa.
O conselho da N5X é composto por quatro membros, dois indicados pela L4 Venture Builder e dois pela Nodal Brazil, a divisão operacional do Grupo EEX no Brasil. A estrutura societária divide igualmente o capital da empresa entre os dois acionistas, com cada um detendo 50% de participação.
Esta é a primeira vez que a L4 Venture Builder investe no setor de energia, contando com um portfólio de sete empresas. Pedro Meduna, sócio e co-fundador da L4, destaca que a iniciativa visa impulsionar o mercado de energia brasileiro, especialmente quando a bolsa operar com uma estrutura de contraparte central, que garante as transações:
“Acreditamos que o mercado de energia está passando por transformações semelhantes às que o mercado financeiro passou décadas atrás. Vemos a necessidade de novas infraestruturas para acompanhar essas mudanças”, afirma Meduna.
Fonte: O Globo