O projeto, que poderá estar em pleno funcionamento dentro de uma década, visa reduzir significativamente a dependência do transporte rodoviário tradicional.
Por: Redação Portal Sustentabilidade
Um novo projeto inovador no Japão promete transformar o transporte de mercadorias e, ao mesmo tempo, enfrentar dois grandes desafios: a redução das emissões de gases de efeito estufa e a crescente escassez de motoristas de caminhão.
A “Autoflow-Road”, uma estrada automatizada de 500 km, tem o potencial de revolucionar o sistema logístico do país ao transportar cargas em veículos elétricos sem motorista, que se movem por esteiras ou túneis subterrâneos ao longo das rodovias.
Recentemente, o Ministério da Terra, Infraestrutura, Transportes e Turismo (MLIT) apresentou os planos para a nova rota que ligará Tóquio a Osaka.
O projeto, que poderá estar em pleno funcionamento dentro de uma década, visa reduzir significativamente a dependência do transporte rodoviário tradicional.
Agenda 2030

Com uma capacidade diária de carga equivalente à de 25.000 caminhões, a “Autoflow-Road” promete não apenas aliviar o tráfego nas estradas, mas também contribuir para o corte de emissões de CO2, um compromisso do Japão para atingir uma redução de 46% até 2030.
O custo estimado do projeto é elevado, cerca de 80 bilhões de ienes por cada 10 km de estrada.
Apesar disso, as autoridades estão otimistas de que a economia gerada pela eficiência do transporte e a redução de perdas de produtos perecíveis, como morangos e repolho chinês, justifiquem o investimento.
A escassez de motoristas, agravada pela população envelhecida e pela relutância dos jovens em ingressar em um setor caracterizado por longas horas de trabalho e baixos salários, é uma das principais motivações para a criação da “Autoflow-Road”.
Estudos recentes do Instituto de Pesquisa Nomura indicam que, até 2030, o Japão enfrentará uma escassez de 35% no número de motoristas de caminhão em relação à quantidade de carga que precisa ser transportada, com as áreas rurais sendo as mais impactadas.
As novas regulamentações que limitam as horas extras dos motoristas já estão causando atrasos nas entregas, especialmente de produtos que precisam ser transportados rapidamente após a colheita.
Embora o conceito de uma estrada automatizada em grande escala seja ambicioso, ele é inspirado em sistemas já utilizados em minas, onde esteiras transportadoras fazem o trabalho pesado de forma eficiente. A “Autoflow-Road” poderia, portanto, servir como um modelo para outros países enfrentarem desafios semelhantes.
Dependência das rodovias

Atualmente, mais de 90% das cargas no Japão são transportadas por rodovias, e a dependência desse meio contribui significativamente para as emissões globais de CO2.
De acordo com o Fórum Internacional de Transporte (ITF), o transporte de carga relacionado ao comércio responde por mais de 7% das emissões totais de CO2 em todo o mundo e por cerca de 30% de todas as emissões relacionadas ao transporte.
Com as principais economias do mundo, como Estados Unidos, China e União Europeia, liderando as emissões no transporte terrestre de carga, o Japão, responsável por cerca de 3% dessas emissões, está buscando soluções inovadoras para atingir suas metas ambientais.
Além da “Autoflow-Road”, outras iniciativas estão sendo testadas, como o uso das linhas de trem-bala para o transporte de mercadorias, a combinação de caminhões com transporte marítimo e a introdução de veículos elétricos para rotas mais curtas.
O Japão, conhecido por sua inovação tecnológica, mais uma vez se coloca na vanguarda da engenharia de infraestrutura com um projeto que pode redefinir a forma como o mundo pensa sobre o transporte de cargas e a sustentabilidade.
Se bem-sucedida, a “Autoflow-Road” não só aliviará a pressão sobre a força de trabalho do país, como também será um passo significativo na luta global contra as mudanças climáticas.
Fonte: Euronews