Docentes do curso técnico em Meio Ambiente do Senac EAD revelam os principais aspectos de um projeto de arborização e os benefícios para população.
O Banco de Dados e Informações Ambientais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o Brasil somou 499 milhões de hectares de vegetação arbórea, em 2023. Desse total, 0,28% (equivalente a 1.397.200 hectares) estão localizados em espaços urbanos.
As áreas arborizadas em zonas urbanas, principalmente na região central das cidades, oferecem vários benefícios para população, entre eles: redução de gases tóxicos como CO2, melhoria na qualidade do ar, segurança hídrica em caso de chuvas torrenciais e, ainda, diminuindo a incidência de doenças ocasionadas pela poluição do ar, além de proporcionarem espaços públicos para população realizar atividades físicas.
Nesse sentido, medidas preventivas como restrição de ocupações irregulares, em áreas ecologicamente instáveis (encostas íngremes e áreas de banhado) precisam de monitoramento constante. Vale acrescentar que a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) é responsável pela gestão e fiscalização dos biomas nacionais.
A docente do curso Técnico em Meio Ambiente do Senac EAD, Karla Campagnolo, explica que um plano de arborização é a melhor alternativa para evitar enchentes e alagamentos nas áreas urbanas.
“A presença das árvores em cidades colabora com a melhor infiltração das águas pluviais no solo, já que as raízes criam canais subterrâneos que facilitam a absorção da água. Do mesmo modo, a vegetação urbana oferece alimento e abrigo para animais, reduz a poluição sonora, além de filtrar o ar, absorvendo boa parte do gás carbônico”, esclarece a educadora.
Quais as espécies recomendadas em planos de arborização?
Inicialmente é preciso ressaltar que a arborização urbana é formada pela vegetação existente em: calçadas, praças, parques, canteiros e demais espaços públicos de uma cidade. Normalmente, as espécies utilizadas fazem parte do bioma local, visando a preservação da flora regional.
Etiele Brites Ferreira também é instrutora do curso técnico do Senac EAD e reforça que é necessário um planejamento detalhado, antes de implementar um programa de arborização.
“A escolha do local no qual será plantada a árvore precisa de um diagnóstico inicial, de modo a facilitar a manutenção e os cuidados. É importante esclarecer que para resistir ao ambiente urbano, a espécie precisa de monitoramento contínuo, desde o plantio até a fase adulta”.
A educadora detalha os manejos necessários para a saúde das árvores, entre eles: poda realizada por profissionais habilitados, irrigação, controle de pragas e inspeções regulares sobre o estado fitossanitário. “É importante considerar fatores como: a compatibilidade da espécie com o solo, o clima local e o espaço disponível para o crescimento das raízes e da copa”.
Vale acrescentar que em grandes áreas urbanas ocorre um fenômeno antrópico chamado de ilhas de calor (pontos de aumento de temperatura acentuada, decorrente do alto adensamento urbano), que são expressivamente reduzidos por um plano de arborização adequado.
Qual o papel do técnico em meio ambiente nos planos de arborização?
É importante destacar que a implantação da arborização urbana envolve um planejamento criterioso que começa antes mesmo do plantio. A docente do Senac EAD, Taís Lacerda, explica que normalmente, os municípios desenvolvem diretrizes técnicas próprias em relação aos projetos.
“A ação é necessária, pois considera aspectos locais como: vias, canteiros, praças e parques públicos. Outra análise importante é a escolha das espécies que serão plantadas. Já os aspectos botânicos observam: tamanho e profundidade das raízes, período de floração, tamanho dos frutos, potencial alergênico e produção de resina. A partir das informações citadas é que serão definirão os espaços mais adequados”, observa a especialista.
Nesse sentido, o técnico em Meio Ambiente pode atuar em todas as etapas do planejamento arbóreo urbano, já que o profissional terá domínio de técnicas de manejo, como por exemplo: preparo e adubação do solo, canteiros, aberturas de covas que acomodarão as mudas, tutoramento e amarrio, entre outros procedimentos.
“É importante destacar que o trabalho não termina com o plantio, tendo em vista que as espécies serão monitoradas periodicamente, em relação ao desenvolvimento e conservação. Os cuidados associados à arborização são fundamentais para garantir a conservação em longo prazo, reduzindo a necessidade de supressão, replantio e reparos de equipamentos urbanos”, conclui Tais.
Benefícios da arborização
Por fim, a educadora destaca os principais benefícios da arborização urbana para o bem-estar da população:
- Conforto térmico: as árvores proporcionam sombra e transpiração, ajudando a diminuir a temperatura ambiente nas cidades, evitando assim, as ilhas de calor;
- Bem-estar psicológico dos seres humanos: áreas verdes urbanas contribuem para a saúde mental da população, proporcionando espaços para relaxamento e lazer;
- Prestação de serviços ambientais indispensáveis à regulação do ecossistema;
- Gestão de águas pluviais: as árvores ajudam a reduzir a quantidade de escoamento superficial, absorvendo água da chuva e prevenindo enchentes;
- Mitigação dos impactos locais, gerados pela expansão urbana.
Por: Karla Campagnolo, Etiele Brites Ferreira e Taís Lacerda docentes do curso Técnico em Meio Ambiente do Senac EAD