O hidrogênio renovável ou com captura de carbono é chave para descarbonizar setores como aço, vidro, química e fertilizantes.
Por: Redação Portal Sustentabilidade
A recente aprovação do Marco Legal do Hidrogênio de Baixo Carbono (Lei 14.948) inaugura um novo capítulo para a indústria energética no Brasil, estabelecendo as bases para o desenvolvimento da cadeia de hidrogênio no país.
Com semelhanças ao impacto da Lei do Petróleo em 1998, que impulsionou a exploração de hidrocarbonetos, essa nova legislação reforça o compromisso brasileiro com a descarbonização da economia.
Atualmente, o Brasil já conta com mais de 20 projetos de hidrogênio a partir de fontes renováveis, somando R$ 188,7 bilhões em investimentos.
Fonte de energia renovável
O país desponta como um dos mais competitivos no setor, graças ao baixo custo e à alta oferta de energia renovável, fatores que colocam o Brasil em posição vantajosa para se tornar um dos principais produtores de hidrogênio de baixo carbono até 2030.
Segundo um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), intitulado Hidrogênio Sustentável: Perspectivas para o Desenvolvimento e Potencial para a Indústria Brasileira, os investimentos mais expressivos estão direcionados ao Porto de Pecém, no Ceará, com aportes previstos de R$ 110,6 bilhões. Além disso, outros portos, como Parnaíba (PI), Suape (PE) e Açu (RJ), também se destacam no cenário nacional, com bilhões em investimentos.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou o papel estratégico da indústria na difusão de conhecimento e no monitoramento das políticas públicas relacionadas ao hidrogênio de baixo carbono. “A CNI tem um papel catalisador no engajamento do setor industrial nesse processo. Criamos a Plataforma da Indústria para o Hidrogênio Sustentável para acompanhar as iniciativas empresariais e de políticas públicas”, disse.
O hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis ou de combustíveis fósseis com captura e estocagem de carbono é visto como uma solução fundamental para a descarbonização de setores difíceis de abater, como aço, vidro, química e fertilizantes.
Oportunidades para a indústria brasileira
No caso da produção de amônia, produto químico essencial para a agropecuária, o hidrogênio desempenha um papel crucial na segurança alimentar global. A produção de fertilizantes a partir de hidrogênio verde pode reduzir a dependência de importações e fortalecer a indústria nacional.
No cenário global, o Brasil se junta a uma corrida internacional pelo hidrogênio de baixo carbono, ao lado de países como Alemanha, Estados Unidos e Austrália. A demanda global por hidrogênio continua a crescer, com foco na mobilidade, geração elétrica e indústria.
Apesar do foco inicial em exportação, especialistas indicam que a produção descentralizada de hidrogênio no Brasil pode acelerar o desenvolvimento interno da indústria.
Ao evitar custos de transporte e aproveitar a infraestrutura elétrica descarbonizada do país, que atingiu 92% de fontes renováveis em 2022, a produção local se torna uma estratégia viável e de menor custo.
O cenário é promissor, e o Brasil caminha para se consolidar como um dos principais players globais no mercado de hidrogênio de baixo carbono, com benefícios para a indústria, economia e meio ambiente.
Fonte: FIEPB