Empresa paraense revoluciona produção de calçados e revitaliza seringais nativos no Marajó

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Empresa paraense aposta na borracha natural e caroço de açaí para produzir calçados ecológicos, promovendo desenvolvimento socioeconômico de comunidades extrativistas.

Por: Redação Portal Sustentabilidade

Uma iniciativa inovadora está sendo conduzida pela empresa Seringô, localizada na zona rural de Castanhal, no nordeste do Pará.

Criada em 2018 por Francisco Samonek, mestre em ecologia e manejo dos recursos naturais, a empresa tem contribuído diretamente para a revitalização dos seringais nativos no Arquipélago do Marajó, promovendo o desenvolvimento socioeconômico de trabalhadores ligados à agricultura familiar e comunidades extrativistas.

Renda e sustentabilidade

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Foto: Reprodução/Pexels

Através do projeto Marajó Sustentável, uma ação governamental do Pará, a borracha natural utilizada nos tênis sustentáveis da Seringô tem sido produzida por famílias inscritas no programa.

Atualmente, 1.565 famílias participam, com previsão de alcançar 10 mil até 2026. Além da extração do látex, os trabalhadores têm recebido capacitação e equipamentos essenciais para a segurança e eficiência do processo, como botas de proteção e facas especiais.

Com foco na sustentabilidade, os tênis são fabricados com solado de borracha natural e caroço de açaí, enquanto o tecido é feito de juta amazônica. Essa combinação inovadora tem garantido um equilíbrio ecológico significativo, uma vez que evita o uso de produtos químicos que aceleram a extração do látex e reduz o consumo de água.

Segundo Samonek, um diferencial importante é que, na Amazônia, as árvores seringueiras têm vida produtiva mais longa, em contraste com as do cultivo em São Paulo, que são retiradas após 30 anos devido à sangria excessiva.

Sem uso de água

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Foto: Seringó

Outro destaque do projeto está no impacto ambiental gerado pela cadeia produtiva. A empresa se diferencia por não utilizar água no processo de lavagem da borracha, ao contrário das práticas convencionais em outras regiões do país, onde o consumo de água pode chegar a 20 litros por quilo de borracha processada.

Esse cuidado com o meio ambiente reflete, segundo a empresa, o compromisso com a preservação dos recursos naturais da Amazônia.

A resistência das grandes indústrias de calçados em adotar a borracha natural tem sido justificada pela dificuldade de processamento. No entanto, Samonek descobriu que o uso do caroço de açaí, presente no solado dos calçados da Seringô, compensou o encolhimento da borracha, algo que nunca havia sido mencionado pelas indústrias tradicionais.

Agora, ele busca desenvolver novas tecnologias que tornem a borracha natural injetável, tornando o produto ainda mais competitivo no mercado.

Sustentabilidade

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Foto: Seringó

Apesar de ter sua sede em Castanhal, a produção final dos tênis ocorre no Rio Grande do Sul, através de um parceiro. O produto, vendido online, vem ganhando popularidade não apenas pelo design sustentável, mas pelo impacto social positivo.

Além dos calçados, a Seringô também apoia a produção de artesanatos e biojoias, capacitando comunidades extrativistas para desenvolver essas atividades. Fundada por Samonek em 1998, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) coordena a venda desses produtos, gerando renda diretamente para as comunidades envolvidas.

A sustentabilidade e o impacto social têm sido os pilares dessa empresa paraense, que vem transformando a realidade socioeconômica de centenas de famílias na Amazônia. Recentemente, a Seringô foi visitada por jornalistas como parte de um curso sobre agronegócio, promovido pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) e a Fundação Dom Cabral, o que destacou ainda mais o potencial transformador da iniciativa.

Fonte: SBT News

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