Após 150 anos de dependência do carvão, o país fecha sua última usina a carvão, transformando-se na primeira grande economia industrializada a abandonar o combustível fóssil e acelerar rumo a um futuro sustentável.
Por: Redação Portal Sustentabilidade
O Reino Unido, pioneiro na dependência global do carvão durante a Revolução Industrial, fechou sua última usina a carvão em 30 de setembro de 2024, consolidando-se como a primeira grande economia industrializada a eliminar completamente o uso desse combustível fóssil.
O fechamento da usina Ratcliffe-on-Soar, localizada em Nottinghamshire, simboliza um marco histórico, sendo a última em operação no país e encerrando 150 anos de geração de energia a partir do carvão.
A usina, com capacidade de 2.000 megawatts, será transformada em um “centro de energia de baixo carbono”, de acordo com a Uniper, empresa responsável pelo local de 3 km².
Esse desfecho ocorre 142 anos após a primeira usina de energia a carvão do mundo iniciar suas operações no Viaduto de Holborn, em Londres, em 1882, ajudando o Reino Unido a liderar a Revolução Industrial e, consequentemente, a industrialização global.
Fim de uma era
“O berço da energia a carvão está virando as costas para o carvão para sempre”, afirmou Matt Webb, diretor associado da E3G, uma organização de pesquisa e defesa com sede em Londres. O fechamento reflete o compromisso do Reino Unido em descarbonizar seu setor energético, um processo já acelerado nas últimas décadas com a substituição do carvão por fontes mais limpas, como gás natural, energia nuclear e, mais recentemente, fontes renováveis, como eólica e solar.
O carvão, o combustível fóssil mais poluente, foi por muito tempo a fonte de energia mais barata e acessível em muitos países, incluindo o Reino Unido.
No entanto, seu impacto ambiental devastador, responsável pela emissão de grandes quantidades de gases de efeito estufa, levou à sua gradativa substituição.
A transição para fontes renováveis no Reino Unido é notável: atualmente, 40% da geração de eletricidade do país vem de energias limpas, com a meta de alcançar 100% de energia não fóssil até 2030.
Cenário global
O fim do carvão no Reino Unido reflete uma tendência mundial, especialmente em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, o carvão, que representava mais da metade da geração de eletricidade em 1990, agora responde por apenas 16%.
A transição é impulsionada pelo gás natural, que fornece mais de 40% da eletricidade no país. Já na Europa, a França obtém a maior parte de sua eletricidade de usinas nucleares, enquanto a Dinamarca lidera com 80% de sua energia vinda de fontes renováveis, principalmente a eólica.
O encerramento da era do carvão no Reino Unido reforça o compromisso global com a luta contra as mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que destaca o caminho inevitável para um futuro energético mais sustentável e limpo.
Fonte: Estadão