Ferramenta gratuita visa contribuir com a melhora gestão de resíduos sólidos urbanos.
Pesquisadores do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA) e do curso de Engenharia de Computação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) lançaram nesta segunda-feira, 14 de outubro, um aplicativo gratuito para avaliação da sustentabilidade operacional de aterros sanitários.
Batizada ISOAS (Índice de Sustentabilidade Operacional de Aterros Sanitários), a ferramenta facilita a coleta de dados dos aterros e seu armazenamento em uma base de dados, com a disponibilização de recursos para realização de cálculos e apresentação dos indicadores em forma de gráficos e dashboards.
Números do gerenciamento de resíduos no país
Atualmente, 3.085 cidades no Brasil utilizam aterros sanitários, que são considerados o único método adequado para o descarte de resíduos sólidos, segundo a Abrema. Isso se deve ao fato de que os aterros possuem cobertura, impermeabilização do solo e mecanismos de captação dos gases emitidos pela decomposição dos resíduos, evitando danos ambientais.
No entanto, Pedro Maranhão, presidente da Abrema (Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente), alerta que o número de cidades com descarte inadequado de lixo pode ser maior do que os dados oficiais indicam.
Isso ocorre porque, além das 256 cidades que não informaram seus métodos de descarte, a declaração sobre o uso de lixões é feita pelos próprios municípios.
A Abrema estima que haja pelo menos 3.000 lixões a céu aberto ou inadequadamente soterrados no país, o que revela uma grande lacuna na gestão de resíduos sólidos.
Indicadores
A avaliação do app está dividida em três grupos de indicadores: técnico-ambientais, econômicos e sociais. A partir de um modelo matemático, os valores são processados, sendo obtido um valor percentual que representa a sustentabilidade do aterro em análise. A métrica de valoração segue uma lógica meritocrata, baseada na concessão de estrelas em função do desempenho obtido.
“Nos últimos anos houve um grande crescimento do número de aterros sanitários no Brasil. A pulverização dessas áreas de disposição final de resíduos sólidos, mesmo que atendendo aos mais rigorosos padrões normativos e legais, pode apresentar riscos ao meio ambiente e à saúde pública, em especial, em casos de operação tecnicamente deficiente e pouco harmônica com as comunidades do entorno. Desta forma, se faz necessária uma constante avaliação do desempenho dos aterros sanitários baseada em procedimentos gerenciais, criados e continuamente aferidos sob os pilares da sustentabilidade”, explica Carlos Eduardo Canejo, professor da UVA e criador do aplicativo ao lado de Anderson Namen, docente da UERJ e da UVA.
A solução pode ser usada por organizações públicas ou privadas, responsáveis pela implantação, operação, fiscalização, monitoramento e auditoria de aterros sanitários.
A ferramenta pode auxiliar profissionais, gestores, auditores e fiscais na identificação de problemas durante o acompanhamento das rotinas operacionais nos aterros sanitários e apoiar os gestores públicos no mapeamento das fragilidades municipais e regionais relacionadas à gestão de resíduos sólidos urbanos.
A versão para Android já está disponível e pode ser baixada gratuitamente na Google Play Store. Até o fim de outubro o app deverá ser disponibilizado na versão para iOS na Apple Store.
Com informações da Universidade Veiga de Almeida (UVA) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)