Projeto B.A.R.B.I.E., destaque na competição internacional iGEM Design League, utiliza biologia sintética para desenvolver solução sustentável contra poluição de microplásticos.
Por: Redação Portal Sustentabilidade
Em uma vitória inédita para o Brasil, o projeto B.A.R.B.I.E., desenvolvido pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), recebeu a medalha de ouro na iGEM Design League 2024, a maior competição global de biologia sintética.
O projeto, que ficou entre os quatro melhores na categoria de Biorremediação, apresenta um eco-filtro revolucionário, capaz de detectar e remover microplásticos e nanoplásticos da água potável.
Esta inovação é uma resposta ao crescente problema da contaminação plástica, um dos grandes desafios ambientais do século.
O projeto

Idealizado inicialmente para estações de tratamento de água, o projeto evoluiu, em 2024, para uma aplicação residencial com um eco-filtro baseado em uma matriz biológica.
Essa matriz utiliza proteínas inspiradas na teia de aranha, combinadas a proteínas de ligação ao plástico e a um biossensor que identifica partículas invisíveis a olho nu.
Este biossensor foi projetado pela equipe do CNPEM com o objetivo de detectar micro e nanoplásticos, substâncias com menos de cinco milímetros que frequentemente poluem não só nossos reservatórios de água, mas também os oceanos.
O projeto, batizado como B.A.R.B.I.E. (Bioengineered Aquatic Pollutants Removal and Biosensing through Integrated Eco-filter), impressionou na competição pela eficiência de seu modelo de filtragem, que envolve técnicas computacionais para capturar microplásticos e uma abordagem sustentável ao problema global dos poluentes aquáticos.
Segundo Gabriela Persinoti, pesquisadora líder do projeto, “é gratificante ver o Brasil competindo de igual para igual com universidades renomadas em todo o mundo”. Além de conquistar o ouro, o time disputou outras premiações em categorias como Melhor Hardware e Excelência em Modelagem, o que reafirma a inovação do projeto.
Impactos positivo no mundo real

A competição, promovida pela Fundação iGEM e realizada em Paris entre os dias 23 e 26 de outubro, reuniu equipes do mundo inteiro que buscam soluções em biologia sintética para questões ambientais e sociais.
O evento contou com a presença de pesquisadores do CNPEM e de nove estudantes brasileiros, entre eles Pedro Henrique Machado Zanineli, aluno da Ilum Escola de Ciência, ligada ao CNPEM. “É uma oportunidade única aplicar nossos aprendizados em uma competição de alto nível e ver como a interdisciplinaridade tem um impacto direto no mundo real”, comemora Pedro.
Além dos microplásticos, o projeto expandiu sua aplicação para o tratamento de outros contaminantes, como metais pesados, herbicidas e medicamentos, consolidando uma linha de pesquisa que usa algoritmos de inteligência artificial para desenvolver novas proteínas com potencial de captura de diversos poluentes.
A partir da combinação de pesquisas de laboratório e simulações computacionais, o eco-filtro B.A.R.B.I.E. se destaca como uma inovação que promete transformar o tratamento de água potável, tanto em escala residencial quanto industrial.
De acordo com o CNPEM, o sucesso do projeto B.A.R.B.I.E. reforça o compromisso do CNPEM em atuar na fronteira do conhecimento científico e destaca a excelência das pesquisas brasileiras em um cenário internacional.
Fonte: CNPEM