Estudo revela perspectivas regionais para a energia solar até o fim do século, destacando oportunidades e desafios na transição energética do país.
O Brasil, líder em recursos energéticos renováveis, está diante de um cenário promissor para a geração de energia solar, conforme aponta um estudo publicado na Scientific Reports.
A pesquisa utilizou dados de modelos climáticos avançados (CMIP6) e reanálises meteorológicas para avaliar como as mudanças climáticas afetarão a irradiância solar e o potencial fotovoltaico em todo o território nacional até o fim do século.
Perspectivas Regionais: O futuro da energia solar no Brasil
Norte
A região Norte, incluindo áreas remotas como Manaus e Boa Vista, deve registrar um aumento significativo na geração de energia solar, com um crescimento de até 10% na irradiância solar em cenários de aquecimento mais extremos (SSP5-8.5).
Essa expansão é crucial para comunidades que dependem de sistemas isolados de energia, frequentemente abastecidos por combustíveis fósseis. Em Manaus, por exemplo, o incremento na energia solar pode reduzir custos e emissões, ao mesmo tempo em que fortalece a segurança energética da região.
Nordeste
O Nordeste desponta como uma das regiões com maior potencial para energia solar. Localidades como Petrolina, no semiárido, podem observar aumentos anuais de até 0,18 kWh/kWp, consolidando a região como um polo estratégico para grandes usinas fotovoltaicas.
No entanto, cidades costeiras, como Fortaleza, podem enfrentar uma leve redução no potencial solar, destacando a importância de estratégias híbridas que combinem energia solar e eólica para mitigar as intermitências.
Centro-Oeste
Brasília e Goiânia se destacam como áreas estratégicas para a expansão do potencial solar devido à alta irradiância e baixa sazonalidade.
Em Brasília, a produtividade de sistemas fotovoltaicos poderá crescer até 5% em cenários mais severos, tornando a região um exemplo de viabilidade para projetos de geração distribuída e para políticas públicas de incentivo à energia renovável.
Sudeste
São Paulo, centro econômico do país, deve manter uma produtividade estável em seus sistemas solares. Belo Horizonte, no entanto, poderá experimentar um aumento expressivo na produtividade fotovoltaica, com um crescimento anual de até 0,66 kWh/kWp em cenários de maior aquecimento.
O estudo sugere que essas cidades podem liderar a transição energética no Sudeste, integrando soluções solares a centros urbanos densos.
Sul
A região Sul é a única a enfrentar uma tendência de redução na irradiância solar, com quedas de até 3% no cenário mais extremo.
Porto Alegre, por exemplo, pode observar uma redução anual de até 0,49 kWh/kWp, o que reforça a necessidade de diversificar a matriz energética local com soluções híbridas que integrem energia solar e eólica.
Energia Solar e a Transição Energética no Brasil
O estudo indica que, mesmo diante das incertezas climáticas, a geração de energia solar no Brasil deve aumentar em boa parte do território, reforçando a importância de políticas públicas que fomentem a adoção de tecnologias híbridas, a eficiência energética e o financiamento de projetos em áreas remotas.
Além disso, os resultados mostram que os meses de seca (setembro a novembro) terão níveis mais altos de irradiância solar, compensando a vulnerabilidade das hidrelétricas e trazendo maior estabilidade ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
O Brasil, com sua diversidade climática e geográfica, tem a oportunidade de transformar o desafio das mudanças climáticas em uma vantagem competitiva global, consolidando-se como um dos principais protagonistas na transição energética e na luta contra as emissões de gases de efeito estufa.
