UFPA e Norte Energia desenvolvem o primeiro barco elétrico e sustentável da Amazônia

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Embarcações 100% elétricas prometem revolucionar o transporte fluvial com tecnologia nacional e energia solar.

O Brasil poderá inaugurar, até o final de 2027, o primeiro corredor verde fluvial da Amazônia, com embarcações 100% elétricas produzidas em escala comercial.

Batizado de Enguia, em homenagem ao peixe elétrico típico da região, o projeto prevê a construção de duas voadeiras — pequenas embarcações típicas amazônicas — movidas exclusivamente a energia solar.

A iniciativa visa transformar a mobilidade fluvial da região em um modelo sustentável e acessível para a população local.

Projeto inovador com foco em energia limpa

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Foto: Norte Energia

A iniciativa é conduzida por professores da Faculdade de Engenharia Naval da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com a Norte Energia, empresa responsável pela Usina Hidrelétrica Belo Monte. O projeto integra o programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Com a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30) marcada para ocorrer em Belém, em 2025, o Enguia simboliza o compromisso do Brasil com a transição energética e a mitigação das mudanças climáticas.

“A proposta une dois pilares fundamentais: a geração de energia renovável e o desenvolvimento socioeconômico da Amazônia, ao mesmo tempo em que reduz a pegada de carbono”, destaca Sílvia Cabral, diretora de Regulação e Comercialização da Norte Energia.

Tecnologia nacional para superar desafios regionais

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Foto: Norte Energia

A equipe de 34 pesquisadores da UFPA, liderada pelo diretor da Faculdade de Engenharia Naval, Emannuel Loureiro, está desenvolvendo todos os componentes das embarcações. Isso inclui motores de popa elétricos, bancos de baterias e um software de gestão inteligente com monitoramento em tempo real.

“O principal gargalo identificado em projetos anteriores era a dependência de componentes importados, que tornava os barcos inacessíveis à população local. Com o Enguia, buscamos criar uma tecnologia totalmente nacional, reduzindo custos de fabricação e manutenção”, explica Loureiro.

Além disso, o projeto prevê a instalação de dois eletropostos de abastecimento, sendo um flutuante, o que facilitará o uso das embarcações em diferentes pontos dos rios amazônicos.

Resultados já alcançados com protótipos anteriores

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Foto: Norte Energia

As embarcações Poraquê 1 e Poraquê 2, criadas em parcerias anteriores entre a UFPA e a Norte Energia, já operam na Usina de Belo Monte, em Altamira. Desde maio, elas evitam o consumo mensal de 2.800 litros de combustíveis fósseis.

Outro marco foi a entrada em operação, em setembro, do primeiro catamarã elétrico da Amazônia. Integrado ao sistema de transporte do campus da UFPA, o barco transporta até 2.000 pessoas por dia, juntamente com dois ônibus elétricos movidos a energia solar.

Este sistema combinado impede a emissão de 161 toneladas de CO2 por ano, o equivalente à poluição de 30 carros populares.

Impactos ambientais, sociais e econômicos

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Foto: Reprodução/Pexels

As novas embarcações do projeto Enguia terão um impacto significativo, tanto no meio ambiente quanto na vida das comunidades amazônicas. A expectativa é que o transporte de passageiros em um trecho de 40 km entre Altamira e a barragem de Pimental seja oferecido gratuitamente.

Além de reduzir emissões de gases de efeito estufa, a iniciativa garante acesso a serviços básicos, como saúde e educação, em uma região onde a mobilidade fluvial é essencial para a população.

“Estamos promovendo o direito de ir e vir dessas pessoas de forma sustentável e econômica”, ressalta Loureiro.

Projeção para o futuro

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Foto: Reprodução/Pexels

O Enguia é mais do que um projeto piloto; é um marco para o transporte sustentável no Brasil. Com a escalabilidade das embarcações para maiores distâncias e a produção em escala comercial, a proposta pode se tornar um modelo replicável em outras regiões do país, segundo o comunicado a imprensa.

O lançamento do corredor verde fluvial na Amazônia não só fortalece a imagem do Brasil como líder em soluções sustentáveis, mas também reflete a importância da pesquisa e inovação tecnológica no combate às mudanças climáticas e no desenvolvimento regional, de acordo com os coordenadores do projeto.

Fonte: Folha de São Paulo Norte Energia SA

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