Material inovador, desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, é capaz de remover dióxido de carbono do ar com alta eficiência, utilizando estruturas orgânicas covalentes projetadas para aplicações em larga escala.
De acordo com um estudo publicado na revista Nature, um novo material em forma de pó amarelo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley, pode oferecer uma solução inovadora para a captura de carbono na atmosfera.
Segundo os testes iniciais, apenas meio quilo do material é capaz de remover tanto dióxido de carbono quanto uma árvore inteira.
Captura eficiente
A substância, produzida em laboratório, é resultado de décadas de pesquisa na área de química de materiais. Ele é composto por estruturas orgânicas covalentes (COFs, na sigla em inglês), uma rede de moléculas orgânicas conectadas por fortes ligações covalentes.
Essa composição artificial foi projetada para dar ao material propriedades únicas: alta porosidade, durabilidade e a capacidade de ser reutilizado centenas de vezes. Além disso, sua estrutura química é altamente seletiva para gases como o dióxido de carbono, permitindo uma captura eficiente diretamente do ar.
Omar Yaghi, químico líder do projeto, explicou que a inovação representa um “salto quântico” em comparação a outros compostos utilizados para captura de carbono. Segundo Yaghi, o material pode ser integrado em sistemas já existentes ou em tecnologias futuras, ampliando seu potencial de aplicação em larga escala.
Outra vantagem do material é sua eficiência energética: ele requer apenas 120°F (cerca de 49°C) para liberar o carbono capturado, enquanto outros métodos dependem de temperaturas muito mais altas. Essa característica torna possível utilizar o calor residual de fábricas e usinas para operar o ciclo de captura e liberação.
Plantas de captura
O pesquisador também vislumbra a possibilidade de implantar plantas de captura de carbono em cidades com mais de 1 milhão de habitantes ao redor do mundo. Para isso, sua empresa, Atoco, já está desenvolvendo estratégias para produzir o material em quantidades industriais em menos de um ano.
De acordo com Shengqian Ma, químico da Universidade do Norte do Texas, que não participou do estudo, a tecnologia é “promissora e inovadora”. Ma destacou que o material reduz significativamente a energia necessária para a regeneração do processo, resolvendo um desafio crucial nas tecnologias de captura direta de ar.
No entanto, especialistas alertam sobre os desafios de escalabilidade e custos. Farzan Kazemifar, professor associado de engenharia mecânica na Universidade Estadual de San Jose, enfatizou que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, atualmente em torno de 0,04%, exige o movimento de grandes volumes de ar, o que pode demandar muita energia.
Apesar das limitações, Yaghi acredita que esta descoberta pode transformar a forma como lidamos com a remoção de carbono. “Isso resolve problemas persistentes e elimina desculpas para não agirmos de forma mais séria contra as emissões de carbono”, afirmou o pesquisador.
Fonte: Nature The Guardian