Projeto ambicioso em Ordos promete gerar energia sustentável para Pequim, preservar o Rio Amarelo e transformar o Deserto de Kubuqi em um modelo de recuperação ambiental e desenvolvimento econômico.
Por: Redação Portal Sustentabilidade
A cidade de Ordos, localizada na Região Autônoma da Mongólia Interior, na China, está liderando um projeto ambicioso chamado “Grande Muralha Solar”.
Essa iniciativa busca integrar o desenvolvimento de energia renovável com esforços de combate à desertificação, de acordo com autoridades locais.
Com uma extensão de 400 quilômetros e largura média de 5 quilômetros, o projeto promete fornecer energia sustentável para Pequim e áreas vizinhas, além de contribuir significativamente para a preservação do Rio Amarelo, considerado o “rio-mãe” da China.
Impactos energéticos e ambientais
Lançado no início de 2024, o projeto contará com uma capacidade instalada total de 100 milhões de quilowatts e deverá gerar cerca de 180 bilhões de quilowatts-hora de eletricidade por ano até 2030, quando sua conclusão está prevista. Para efeito de comparação, Pequim consumiu 135,8 bilhões de kWh em 2023, destacando a magnitude do empreendimento.
Localizado na margem sul do Rio Amarelo e na borda norte do Deserto de Kubuqi, o sétimo maior deserto da China, o projeto também visa prevenir a erosão do solo, reduzindo o sedimento que entra no rio.
Segundo a administração de energia de Ordos, cerca de 27 milhões de hectares de deserto serão tratados ao longo do processo.
Benefícios econômicos
Li Kai, um oficial da administração de energia de Dalad Banner, ressaltou os benefícios econômicos e ecológicos da iniciativa. Uma extensão de 133 km da “Grande Muralha Solar” será construída na região de Dalad, com uma largura média de 25 km.
Graças ao projeto, a capacidade total de energia renovável de Dalad alcançará 19 milhões de kW até o final desta década, gerando uma produção anual de 38 bilhões de kWh. Isso representa uma economia equivalente a 12,6 milhões de toneladas de carvão padrão e uma redução de aproximadamente 31,3 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono.
Além disso, a região transmitirá anualmente 48 bilhões de kWh de eletricidade verde para as regiões de Pequim-Tianjin-Hebei por meio de uma linha de transmissão de ultra-alta tensão que está em construção.
Agricultura e empregos
Os painéis solares também terão um papel no controle da desertificação, funcionando como barreiras contra o vento, redutores da evaporação do solo e permitindo o cultivo de 2.400 hectares de plantações comerciais sob sua estrutura. Essa abordagem reforça o compromisso do governo local em equilibrar preservação ecológica e avanços econômicos.
O projeto, financiado exclusivamente por empresas estatais, não exige investimentos dos governos locais.
Até 2030, estima-se que a iniciativa gerará cerca de 50 mil empregos, com aumento médio anual de renda superior a 20 mil yuans (aproximadamente R$ 13 mil) para os trabalhadores envolvidos.
Liderança global em energia solar
A China lidera o mundo em capacidade operacional de fazendas solares, somando 386.875 megawatts, o que representa 51% do total global, de acordo com o Global Solar Power Tracker. A rápida expansão do país no setor ocorreu especialmente na última década, consolidando sua posição como referência global em energia renovável.
A “Grande Muralha Solar” não é apenas um marco no campo da energia renovável, mas também um símbolo do compromisso da China com soluções sustentáveis que aliam inovação, preservação ambiental e desenvolvimento econômico.
Fonte: NASA Chinadaily