China avança na corrida pela energia solar espacial com projeto ambicioso

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Painel de 1 km de largura em órbita promete revolucionar a captação de energia e superar extração de petróleo.

Por: Redação Portal Sustentabilidade

A China está prestes a dar um salto histórico na geração de energia renovável. O país planeja construir uma gigantesca matriz solar de 1 quilômetro de largura em órbita geoestacionária, a 36 mil quilômetros da Terra. O projeto, apelidado de “Manhattan Project” do setor energético, tem potencial para captar uma quantidade de energia equivalente a toda a produção global de petróleo em um ano.

A proposta, liderada pelo renomado cientista Long Lehao, da Academia Chinesa de Engenharia, visa superar as limitações das usinas solares terrestres. Fora da atmosfera, sem interferências climáticas ou do ciclo dia-noite, a eficiência da captação solar pode ser até dez vezes maior. A energia coletada será convertida em micro-ondas e transmitida para uma estação receptora na Terra, tornando-se uma fonte inesgotável de eletricidade limpa e renovável.

Se bem-sucedido, esse avanço pode redefinir o futuro da produção de energia e reduzir drasticamente a dependência de combustíveis fósseis. Cientistas chineses acreditam que a tecnologia espacial pode ser um divisor de águas na busca pela neutralidade de carbono e na transição para uma economia sustentável.

Engenharia chinesa

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Usina Hidrelétrica de Três Gargantas – Foto: Reprodução/Pexels

Embora a ideia não seja nova, sua implementação em larga escala apresenta desafios técnicos e logísticos. Para realizá-la, a China está desenvolvendo o foguete Long March-9 (CZ-9), um gigante reutilizável capaz de transportar mais de 150 toneladas. Ele não será apenas crucial para a construção da usina de energia solar, que exigirá vários lançamentos, mas também para os planos da China de estabelecer uma base de pesquisa lunar até 2035.

A China já começou a tomar medidas concretas: de acordo com a revista online Interesting Engineering, em junho de 2021 ela iniciou a construção de sua primeira estação experimental de energia solar espacial em Bishan. Em novembro de 2023, pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia Eletrônica de Xian apresentaram resultados promissores do Chasing the Sun Project, o primeiro sistema completo de verificação em solo para energia solar espacial.

Long Lehao, engenheiro aeroespacial e acadêmico da Academia Chinesa de Engenharia, um dos principais cientistas por trás do projeto da estação de energia solar no espaço comparou o projeto à transferência da colossal Usina Hidrelétrica de Três Gargantas para o espaço.

Localizada no rio Yangtzé, esta é a maior hidrelétrica do mundo e gera cerca de 100 bilhões de kWh por ano. Além de fornecer energia para milhões de chineses, a barragem contribui para o controle de enchentes e a melhoria da navegação fluvial.

O futuro da energia solar está no espaço?

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Foto: Reprodução/Pexels

Enquanto a China avança com sua proposta ambiciosa, outras nações também investem na energia solar espacial. No Reino Unido, a empresa Space Solar vem desenvolvendo tecnologias inovadoras para viabilizar essa modalidade de captação energética. Um dos marcos mais recentes foi a criação de um sistema de transmissão de energia sem fio em 360º, essencial para tornar a captação solar espacial viável.

O CEO da Agência Espacial do Reino Unido, Dr. Paul Bate, destacou a importância desse avanço, “A transmissão segura e sem fio de energia é um divisor de águas e demonstra a liderança britânica nessa nova revolução energética, literalmente capturando o poder do espaço para beneficiar a vida na Terra.”

A aposta na energia solar espacial surge em um momento crucial, em que a demanda global por eletricidade está projetada para dobrar até 2050. Com o aumento das necessidades energéticas e a urgência de reduzir as emissões de carbono, especialistas consideram a exploração do espaço como um caminho promissor para garantir um suprimento energético estável e sustentável para as próximas gerações.

Desafios e expectativas para o futuro

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Foto: Reprodução/Pexels

Apesar do grande entusiasmo, a implementação da energia solar espacial ainda enfrenta desafios técnicos e financeiros. O custo de desenvolvimento e lançamento de uma matriz solar tão grande é significativo, exigindo avanços em engenharia aeroespacial, transmissão de energia sem fio e manufatura orbital.

Além disso, há preocupações com a segurança da tecnologia, especialmente no que diz respeito à conversão e transmissão da energia para a Terra. Pesquisadores trabalham para garantir que o sistema seja seguro e eficiente, sem interferências em satélites ou riscos para a população.

Mesmo com esses desafios, a energia solar espacial está se tornando uma prioridade na agenda global de inovação. Governos e empresas do setor energético acompanham de perto os avanços chineses e britânicos, com a expectativa de que, nas próximas décadas, esta tecnologia possa ser amplamente implementada.

Fonte: Sustainability

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