Pesquisadores da UFRJ criam bioplástico feito de alimentos que se decompõe em seis meses

linhaça

Inovação sustentável pode substituir plásticos convencionais e reduzir impacto ambiental.

Por: Redação Portal Sustentabilidade

Diante da crescente preocupação com a poluição causada pelos plásticos convencionais, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) deram um passo significativo na busca por alternativas mais sustentáveis.

A equipe do Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano (IMA/UFRJ) desenvolveu um bioplástico biodegradável feito a partir de alimentos como alho, pimenta, chia e linhaça. Além de ser uma solução inovadora para o setor de embalagens, o novo material tem um grande diferencial: sua decomposição ocorre em apenas 180 dias, contrastando com os 400 anos necessários para o plástico tradicional desaparecer do meio ambiente.

Solução sustentável para um problema global

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Grupo de nanotecnologia e alimentos desenvolve biodegradáveis a partir de alimentos do cotidiano. Reprodução: Equipe do projeto


O projeto, liderado pela professora Maria Inês Bruno Tavares, busca reduzir o impacto ambiental das embalagens descartáveis, um dos principais poluentes do planeta. Segundo a pesquisadora, o bioplástico desenvolvido se decompõe de forma natural, sendo rapidamente consumido por microrganismos, o que evita a formação de resíduos de microplásticos — um problema crescente nos oceanos e no solo.

Outro ponto crucial do estudo é a capacidade de incorporar bioativos antioxidantes provenientes dos próprios alimentos usados na produção do bioplástico. Isso não apenas torna as embalagens mais seguras para os alimentos armazenados, mas também prolonga sua vida útil, beneficiando a indústria alimentícia e reduzindo o desperdício.

A decomposição do bioplástico desenvolvido na UFRJ não só elimina o problema dos resíduos plásticos, como também contribui para a nutrição do solo. Por exemplo, os pedaços resultantes da degradação de embalagens feitas com sementes de chia podem servir como fonte de alimento para microrganismos. Dessa forma, o bioplástico retorna ao ambiente de maneira natural, transformando-se em água e gás carbônico sem gerar poluentes.

Além disso, o processo de fabricação desse material sustentável utiliza metodologias limpas, eliminando a necessidade de solventes químicos prejudiciais. Em vez disso, os pesquisadores recorreram ao uso de água e álcool, reduzindo o impacto ambiental e garantindo um baixo consumo energético na produção.

Aplicações além da indústria alimentícia

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Foto: Reprodução/Pexels


Embora tenha sido criado com foco no setor de embalagens para alimentos, o bioplástico desenvolvido na UFRJ possui potencial para aplicações em diversas áreas. Segundo Maria Inês, a nanotecnologia utilizada permite sua aplicação na produção de nutracêuticos — suplementos alimentares com propriedades terapêuticas e preventivas para a saúde.

Além disso, a tecnologia também pode ser usada na agricultura, ajudando no crescimento de plantas sem comprometer a qualidade do solo e reduzindo o tempo necessário entre safras.

Apesar dos benefícios ambientais e da inovação científica, um dos desafios para a adoção em larga escala do bioplástico ainda é a concorrência com o plástico convencional, cujo custo de produção é mais baixo. No entanto, os pesquisadores acreditam que essa barreira pode ser superada. De acordo com Maria Inês, o custo do bioplástico desenvolvido pela UFRJ tende a ser equivalente ou até inferior ao do plástico tradicional. Isso porque o processo de extração dos bioativos ocorre de maneira direta e econômica, sem necessidade de solventes químicos, tornando a produção financeiramente viável.

Atualmente, a pesquisa está sob sigilo de patente para garantir a proteção intelectual da tecnologia antes de sua entrada no mercado. No entanto, espera-se que, com a crescente pressão por alternativas sustentáveis, mais empresas se interessem em adotar essa solução inovadora, contribuindo para um futuro mais limpo e sustentável.

O avanço da pesquisa da UFRJ demonstra que é possível desenvolver alternativas ecologicamente responsáveis sem comprometer a eficiência ou a viabilidade econômica. Em um mundo onde a poluição plástica se tornou um dos maiores desafios ambientais, soluções como essa são essenciais para preservar os ecossistemas e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.

Fonte: UFRJ

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