Pesquisadores suecos e chineses criam nova variedade de arroz com baixos índices de metano, que promete aumentar a produtividade agrícola e beneficiar o meio ambiente globalmente.
Por: Redação Portal Sustentabilidade
Pesquisadores da University of Agricultural Sciences (LSU), em colaboração com cientistas da China, criaram uma nova variedade de arroz que pode reduzir as emissões de metano em até 70%, mantendo altos rendimentos.
Essa inovação pode trazer benefícios significativos para a agricultura mundial, especialmente em países como o Brasil, que são grandes produtores de arroz.
A novidade foi alcançada utilizando métodos tradicionais de melhoramento genético, sem recorrer a organismos geneticamente modificados (OGMs), tornando a tecnologia acessível a um maior número de produtores.
Impacto ambiental e a relação com as emissões de metano
O cultivo de arroz é reconhecido por gerar grandes quantidades de metano, um potente gás de efeito estufa, liberado durante a decomposição de compostos orgânicos em solos alagados, que são pobres em oxigênio. Nesse ambiente, micro-organismos metanogênicos se proliferam e aumentam as emissões.
Embora já fosse conhecida a relação entre as excreções das raízes do arroz e a produção de metano, ainda não havia clareza sobre quais compostos estavam envolvidos nesse processo. A pesquisa realizada pelos cientistas da LSU, em colaboração com pesquisadores chineses, foi fundamental para esclarecer essa questão.
O estudo liderado pela professora Anna Schnürer, junto aos pesquisadores Chuanxin Sun, Yunkai Jin, Jia Hu e Jens Sundström, identificou dois compostos-chave responsáveis pela redução das emissões de metano: o fumarato e o etanol.
Foi observado que o fumarato, excretado pelas raízes do arroz, é convertido em metano por micro-organismos no solo, enquanto o etanol, também liberado pelas raízes, inibe a produção de metano. Os testes confirmaram que a adição de etanol ao solo resultou em uma redução significativa das emissões de metano.
Desenvolvimento de arroz com baixo metano e alto rendimento
Com esses resultados, os cientistas se empenharam em criar uma variedade de arroz com baixo potencial de emissão de metano e altos rendimentos. Para isso, utilizaram a variedade Heijing5, que já apresentava emissões reduzidas de metano, mas com baixos rendimentos.
Após cruzá-la com uma variedade de alto rendimento, os pesquisadores conseguiram, em cinco gerações de melhoramento, desenvolver um arroz que apresenta 70% menos emissões de metano e alta produtividade, atingindo cerca de 9 toneladas por hectare, superando a média de 7 toneladas por hectare observada na China.
A nova variedade de arroz pode beneficiar não apenas o Brasil, mas também outros grandes produtores de arroz, como a China, a Índia e os países asiáticos em geral.
A redução das emissões de metano contribui para a mitigação das mudanças climáticas, uma vez que o metano é um gás de efeito estufa significativamente mais potente que o dióxido de carbono. Além disso, a alta produtividade da nova variedade pode contribuir para a segurança alimentar mundial, aumentando a produção de arroz de forma sustentável.
O caminho para a comercialização
Essa inovação também permite que os agricultores adotem práticas mais ecológicas sem recorrer a tecnologias de modificação genética. Além disso, a redução das emissões de metano pode tornar os produtores mais competitivos, principalmente em regiões onde a agricultura é uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa.
Os pesquisadores estão atualmente trabalhando para registrar a nova variedade de arroz na China e em outros países, com o objetivo de disponibilizá-la para os agricultores. Além disso, estão colaborando com empresas de fertilizantes para testar a adição de oxantel, um composto que pode reduzir ainda mais as emissões de metano nos campos de arroz.
Esse avanço científico oferece uma solução prática e acessível para a redução das emissões de metano na agricultura, sem comprometer os rendimentos agrícolas, de acordo com a publicação. A pesquisa colaborativa entre cientistas suecos e chineses demonstra que é possível desenvolver cultivos mais sustentáveis, com benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a segurança alimentar global.
Referências:
Jin Y., Liu T., Hu J., Sun K., Xue L., Bettembourg M., Bedada G., Hou P., Hao P., Tang J., Ye Z., Liu C., Li P., Pan A., Weng L., Xiao G., Moazzami A.A., Yu X., Wu J., Schnürer A., and Sun C. (2025). Reducing methane emissions by developing low-fumarate high-ethanol eco-friendly rice. Molecular Plant. 18, 333–349. DOI
Hu J., Bettembourg M., Moreno S., Zhang A., Schnürer A., Sun C., Sundström J., Jin Y. (2023). Characterisation of a low methane emission rice cultivar suitable for cultivation in high latitude light and temperature conditions. Environmental Science and Pollution Research. 30(40): 92950-92962. DOI
Fonte: Molecular Plant
