Resíduo de coco se torna potencial fonte de biocombustível

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Pesquisadores da UFES e do ITP desenvolvem tecnologia para transformar resíduos de coco em energia renovável.

O resíduo de coco, um material abundante gerado pelo Brasil, vem sendo foco de estudos que buscam transformá-lo em biocombustível.

Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) de Aracajú estão desenvolvendo tecnologias inovadoras para aproveitar o resíduo de coco e transformá-lo em uma fonte sustentável de energia.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil planta cerca de 190 mil hectares de coqueiros e colhe anualmente 2 bilhões de frutos, gerando uma grande quantidade de resíduos.

Esse material, muitas vezes descartado em aterros, pode ter um grande potencial energético. Segundo o professor da UFES, Alberto Fernandes, é possível aproveitar esses resíduos para a produção de biocombustíveis. “Cidades litorâneas geram muito resíduo de coco e gastam dinheiro para recolher e colocá-lo em aterros. Por que não aproveitar esse material?”, questiona o professor, que é parte de um grupo de estudos que detém a patente de um processo para transformar a fibra de coco em etanol de segunda geração. O processo é realizado por meio de hidrólise e já foi comprovado tecnicamente. A patente foi registrada junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Nível industrial

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Foto: Reprodução/Pexels

Segundo o professor Fernandes, a viabilidade de produção do biocombustível é garantida pela tecnologia patenteada. A próxima fase do projeto consiste em levar essa tecnologia para o nível industrial.

O laboratório da UFES está em busca de parcerias com empresas interessadas em implementar pequenas refinarias que utilizem o resíduo de coco para a produção de biocombustível.

No estado de Sergipe, o ITP de Aracajú também está investigando a transformação do resíduo de coco verde em biocombustível. De acordo com o coordenador-adjunto de Programas Profissionais da Área de Engenharias II na CAPES e pesquisador do ITP, Cláudio Dariva, a cidade de Aracajú gera cerca de 190 toneladas de resíduos de coco verde por semana.

Esse grande volume de resíduos apresenta desafios ambientais devido à baixa taxa de decomposição, mas também oferece uma oportunidade para a geração de energia renovável. “Trata-se de transformar em energia um material que é um grande desafio ao meio ambiente, em função do alto volume e da baixa taxa de decomposição”, explica Dariva.

Processo de transformação

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Foto: Reprodução/Pexels

O projeto do ITP utiliza a pirólise, uma tecnologia que permite decompor a fibra de coco por meio de altas temperaturas, para transformar os resíduos em bio-óleo, biocarvão e biogás. O processo começa com a trituração e secagem dos resíduos, seguidos da conversão das fibras em compostos que podem ser refinados para gerar energia. De acordo com Dariva, o projeto está na fase final de desenvolvimento e busca uma patente junto ao INPI.

O projeto realizado pelo ITP conta com o patrocínio da Petrogal Brasil e está em andamento desde 2022, com previsão de conclusão até 2026. Durante esse período, o grupo de estudos também trabalha na capacitação de profissionais, com graduação, mestrado e doutorado, para atuar no mercado de transição energética. Além disso, os pesquisadores buscam requalificar profissionais da indústria, capacitando-os para atuar na produção e aproveitamento de biocombustíveis a partir de resíduos de coco.

A pesquisa sobre a transformação de resíduos de coco em biocombustível é uma oportunidade de resolver um problema ambiental significativo, ao mesmo tempo em que oferece uma fonte renovável de energia, de acordo com os pesquisadores.

Além disso, os avanços nas tecnologias de conversão de biomassa podem beneficiar não apenas as cidades litorâneas que enfrentam problemas com o descarte de resíduos, mas também a indústria, que pode reduzir sua pegada de carbono ao adotar esse tipo de biocombustível.

Fonte: Globo Rural

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