Tecnologia sustentável aproveita casca de baru como fonte de energia renovável

baru

Iniciativa fortalece a agricultura familiar e promove a conservação do bioma Cerrado, contribuindo para a economia circular e o desenvolvimento das comunidades locais.

Um resíduo do Cerrado brasileiro começou a ganhar novo valor na indústria de biocombustíveis. A casca da castanha de baru, tradicionalmente descartada após o processamento do fruto, passou a ser utilizada como fonte de energia térmica em caldeiras industriais no processo de produção de biodiesel. A medida foi anunciada por uma empresa do setor de biocombustíveis, que apresentou dados técnicos sobre o reaproveitamento do material.

Segundo a empresa, a casca do baru possui um poder calorífico estimado em 4.700 kcal/kg — índice superior ao da lenha de eucalipto, comumente usada no setor industrial. A substituição representa uma alternativa mais eficiente do ponto de vista energético e ambiental, ao mesmo tempo em que aproveita um resíduo agroflorestal abundante em regiões do Cerrado.

Resíduo do baru

resíduo
Foto: Binatural

A iniciativa surgiu a partir do contato com cooperativas que atuam na cadeia de produção da castanha de baru, especialmente no Noroeste de Minas Gerais. De acordo com o relato da empresa, agricultores e extrativistas enfrentavam dificuldades com o descarte da casca, que era tratada como um passivo ambiental e gerava custos logísticos. Com a nova proposta, o material passou a ser adquirido e utilizado como biomassa, contribuindo para a geração de renda nas comunidades locais.

O uso da casca de baru como combustível também se conecta a práticas de economia circular. Ao transformar um resíduo em insumo energético, o modelo evita desperdícios, reduz a pressão sobre florestas plantadas de eucalipto e amplia a sustentabilidade do ciclo produtivo. Além disso, a valorização do baru tem implicações ambientais relevantes, já que o baruzeiro (Dipteryx alata) é uma espécie nativa do Cerrado com papel importante na recomposição de áreas degradadas.

Embora estudos acadêmicos anteriores já apontassem o potencial da casca de baru na produção de carvão vegetal sustentável, não havia, até então, registros de seu uso em escala industrial na geração de calor para o setor de biocombustíveis. A prática, portanto, representa uma aplicação inédita desse resíduo em um contexto produtivo mais amplo.

Ainda segundo a empresa, a adoção da casca como biomassa é parte de uma estratégia de diversificação de matérias-primas e de fortalecimento de parcerias com a agricultura familiar. As famílias envolvidas no fornecimento do fruto também participam de programas como o Selo Biocombustível Social, que promove inclusão produtiva e assistência técnica rural.

O baru é amplamente reconhecido por seu valor nutricional e cultural, sendo utilizado na culinária regional em doces, licores e pastas. Agora, o fruto típico do Cerrado passa a desempenhar também um papel na transição energética, unindo conservação ambiental, geração de renda e inovação industrial.

Fonte: Binatural

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Veja também

Receba diretamente em seu e-mail nossa Newsletter

Faça sua busca
Siga-nos nas redes sociais

  Últimos Artigos