A cientista Yara Barros recebe o Whitley Award na noite de 30 de abril , em Londres.
A bióloga Yara Barros, coordenadora-executiva do Projeto Onças do Iguaçu (POI), recebe no dia 30 de abril , em Londres, o Whitley Award, do Whitley Fund for Nature, conhecido como “Oscar Verde” por sua tradição e concorrência acirrada entre ambientalistas. A premiação reconhece os 30 anos de dedicação de Yara pela conservação da fauna, em especial da onça-pintada e da ararinha-azul.
A cientista brasileira foi selecionada entre mais de uma centena de concorrentes de diversos países e será premiada ao lado de outros cinco conservacionistas responsáveis por iniciativas de preservação de fauna e flora no Sul Global. Cada um receberá £50 mil para aplicar em seus projetos ao longo do ano.
À frente do POI desde 2018, Yara tem contribuído decisivamente para ampliar a população do maior felino das Américas na Mata Atlântica, onde a espécie é considerada “criticamente ameaçada de extinção”. Baseada no Parque Nacional do Iguaçu, ela também é coordenadora-executiva do Plano de Ação Nacional para a Conservação de Grandes Felinos (2024-2029).
“É um sonho realizado, o reconhecimento do trabalho de uma vida inteira”, afirma Yara, que pretende investir o prêmio na ampliação do monitoramento e proteção das onças e das ações de coexistência. A partir de várias iniciativas de pesquisa, engajamento e capacitação da população local para prevenir eventos de predação, o POI quer “transformar medo em encantamento” e promover a coexistência pacífica entre pessoas e grandes felinos.
Preservação da éspecie

O projeto é executado em parceria entre o Instituto Pró-Carnívoros, WWF Brasil, Parque Nacional do Iguaçu/ICMBio e CENAP/ICMBio e atua na área do parque e nos dez municípios do entorno, que somam 500 mil habitantes. Um exemplo é o programa “Crocheteiras da Onça”, que formou artesãs e cria oportunidades de geração de renda associadas à preservação dos felinos e outros animais da região.
Com uma equipe de seis pessoas e orçamento anual de aproximadamente R$ 800 mil, o POI tem alcançado resultados positivos dentro e fora do parque, trabalhando em parceria com os argentinos do Proyecto Yaguareté no chamado Corredor Verde, área de Mata Atlântica na fronteira entre Brasil e Argentina. Em pouco mais de uma década, a população de onças-pintadas mais que dobrou. Do lado brasileiro, aumentou de 11 para 25 indivíduos; no Corredor Verde, de 40 a 93 entre 2009 e 2022.
O trabalho de Yara e sua equipe tem chamado atenção de outras entidades pelo mundo. Antes mesmo de receber o “Oscar Verde”, a bióloga de 59 anos foi selecionada este mês como uma das vencedoras do WINGS 2025 Women of Discovery, que financia e potencializa a atuação de mulheres cientistas.
Brasil sediará rede de coexistência

Ela espera que tanto o Whitley quanto o WINGS abram horizontes para a conservação das onças-pintadas e ajudem a levar a expertise do projeto no Parque Nacional do Iguaçu para todo o bioma da Mata Atlântica. O plano está pronto. O Projeto Onças do Iguaçu lidera a criação da Rede de Coexistência da Tríplice Fronteira, unindo Brasil, Argentina e Paraguai.
A meta é promover a coexistência harmoniosa entre comunidades humanas e grandes felinos na região por meio de uma rede colaborativa de capacitação de produtores rurais, projetos de conservação e órgãos ambientais, ampliando a implementação de práticas sustentáveis de manejo.
“O futuro da onça-pintada na Mata Atlântica depende de alinharmos pesquisa e ações de monitoramento, engajamento social e coexistência com a estratégia de revigoramento populacional dos animais”, explica Yara.
Restam cerca de 24% da cobertura original do bioma no Brasil, sendo a maioria de florestas fragmentadas, localizadas em propriedades privadas. Estima-se que existam apenas 300 onças-pintadas na Mata Atlântica. O felino é considerado uma “espécie guarda-chuva”, que, ao ser protegida, acaba beneficiando todo ecossistema em que vive.
Com informações da Assessoria de Imprensa